Julia Affonso, Ricardo Brandt, Andreza Matais e Fausto Macedo
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira, 22, a Operação Xepa, 26ª fase da Lava Jato, em São Paulo, em Brasília, no Rio de Janeiro e na Bahia. Esta etapa é um desdobramento da Acarajé, a 23ª etapa, que atingiu o publicitário João Santana, ex-marqueteiro das campanhas eleitorais da presidente Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e a mulher e sócia Monia Moura.
Em Brasília, a PF esteve no hotel Golden Tulip, onde moram vários políticos. O local fica próximo ao Palácio da Alvorada. João Santana e Monica Moura estão presos preventivamente em Curitiba, base da Lava Jato.
Os mandados estão sendo cumpridos um dia depois da Operação Polimento, 25ª etapa da Lava Jato, deflagrada em Portugal. A fase internacional pegou o empresário Raul Schmidt Felipe Junior, que estava foragido desde julho de 2015.
Mesmo com o presidente da empreiteira, Marcelo Bahia Odebrecht, preso a Operação Lava Jato descobriu indícios de que os pagamentos de propina do Grupo Odebrecht ocorreram até novembro de 2015, aponta o Ministério Público Federal. A Operação Xepa, 26ª fase deflagrada nesta terça-feira, 22, cumpre 110 mandatos em oito Estados, sendo 15 de prisões.
“Apurou-se que as tratativas acerca dos pagamentos de vantagens indevidas se estenderam até, pelo menos, novembro de 2015, conforme comprovado por troca de e-mails entre os investigados”, informa a força-tarefa da Lava Jato.
Os pagamento se davam, segundo as evidências surgidas após a Operação Acarajé – 23ª fase deflagrada em 22 de fevereiro, por meio de uma estrutura do Grupo Odebrecht “profissionalmente organizada” chamado “setor de operações estruturadas”.
“Este setor tinha dentre suas missões viabilizar, mediante ‘pagamentos paralelos’, atividades ilícitas realizadas em favor da empresa. Para operacionalizar o esquema ilícito, foi instalado dentro do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht um sistema informatizado próprio, utilizado para armazenar os dados referentes ao processamento de pagamentos ilícitos e para permitir a comunicação reservada entre os executivos e funcionários envolvidos nas tarefas ilícitas.”
Marcelo Odebrecht foi condenado no mês passado pelo juiz federal Sérgio Moro, que conduz os processos em primeiro grau da Lava Jato, a 19 anos de prisão, na primeira ação pena envolvendo o grupo. A nova fase complica a vida do empreiteiro – detido desde 19 de junho, em Curitiba, alvo da 14ª fase batizada de Operação Erga Omnes.
“Dentre as razões que embasaram as prisões preventivas estão as novas evidências de pagamentos de propinas vultosas, disseminadas e sistematizadas como modelo de negócio, até data recente, mesmo após a 14ª fase da Lava Jato, a qual focou sobre a atividade ilícita da Odebrecht”, informa o MPF.
“Os indicativos de obstrução à investigação, com a destruição de arquivos e informações; bem como as provas de mudança para o exterior, por conta da empresa e após a deflagração da Lava Jato, dos funcionários responsáveis pela estruturação dos pagamentos ilícitos.”
A Operação Xepa é desdobramento da 23ª fase – Operação Acarajé – em que foi preso o marqueteiro do PT João Santana e sua mulher, Mônica Moura. Eles receberam pelo menos US$ 3 milhões da Odebrecht em conta secreta na Suíça. A partir dessas investigações, foram descobertas as planilhas secretas da empreiteira com pagamentos de propina e codinomes.
“A partir das planilhas obtidas e das anotações contidas no celular de Marcelo Odebrecht, obtiveram-se mais evidências contundentes de que este, então Presidente da Organização Odebrecht, não apenas tinha conhecimento e anuía com os pagamentos ilícitos, mas também comandava diretamente o pagamento de algumas vantagens indevidas, como, por exemplo, as vantagens indevidas repassadas aos publicitários e também investigados Monica Moura e João Santana”, informa o MPF.
A força-tarefa da Operação Lava Jato investiga uma “estrutura secreta” do Grupo Odebrecht usada para “pagamentos ilícitos”. A empreiteira é um dos alvos da Operação Xepa, 26ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta terça-feira, 22. Estão sendo cumpridos 110 mandados judiciais.
“A pedido do Ministério Público Federal e da Polícia Federal, são executadas prisões, buscas e conduções para investigar estrutura secreta do Grupo Odebrecht usada para pagamentos ilícitos até o pelo menos o segundo semestre de 2015”, informou a Procuradoria, em nota.
“Para operacionalizar o esquema ilícito, foi instalado dentro do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht um sistema informatizado próprio, utilizado para armazenar os dados referentes ao processamento de pagamentos ilícitos e para permitir a comunicação reservada entre os executivos e funcionários envolvidos nas tarefas ilícitas”.