Notibras

Pica de Pimenta arde e deixa Lula na tonga da mironga do kabuletê

Pica, entre outras coisas, é uma doença transmitida diretamente de um subordinado para o chefe imediato. Seu vírus é o mau aconselhamento, o lero lero, o corpo mole, o ser o dono da verdade, o enganar, ludibriar e puxar o saco em busca de mais benesses. Quem leva pica sente-se mal. Pessoas emotivas, que venceram na vida à custa de muito suor, são as mais sensíveis ao mal. A pica causa complicações morais e políticas. O lado emocional é muito afetado.

A pica pegou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste fim de semana. Ele está reclamando de náuseas. Sente-se como quem ingeriu comida estragada. Criou alergia a um equipamento conhecido por urna eletrônica. O transmissor da doença é o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta.

Lula está sofrendo de intoxicação eleitoral, provocada pela pica que saiu do cérebro de Pimenta, comparado por seus desafetos ao de um jumento. O diagnóstico da doença, que dava sinais dos primeiros sintomas desde a semana passada, em meio a pesquisas eleitorais, foi confirmado na noite de domingo, 6, por interlocutores palacianos logo após os boletins do TSE com os resultados das eleições realizadas horas antes.

A contagem dos votos foi uma desagradável surpresa. O governo Lula 3 tem sido benéfico para o País e para o povo. Mas Pimenta, que não refresca nada, não sabe mostrar isso. E a direita deitou e rolou. Passou sobre a esquerda como um trator, abrindo a cova de uma agora pouco provável tentativa de o petista-mor permanecer no Planalto a partir de 2026.

Nos meios políticos, comenta-se que a pica transmitida por Pimenta combina elementos humorísticos, traçando uma linha metafórica entre o estado de espírito de Lula, do ministro e o desempenho de um partido político. A metáfora pode ser entendida como uma crítica ao PT e ao próprio Lula, que se deixou levar por conversas bem apimentadas, mas sem a malícia de um baiano como Rui Costa ou de um paulista como Alexandre Padilha, este principalmente, que como médico já vinha alertando sobre os futuros males que viriam da pica de Paulo Pimenta.

Insone e cabisbaixo, Lula acaba de descobrir que a ideia de Pica de Pimenta pode ser interpretada como algo que fere, ou seja, estratégias políticas, no campo da Comunicação Social, que acabam prejudicando em vez de ajudar. O transtorno transmitido por pica, caracterizado pela indução de mensagens sem pé nem cabeça, simboliza o PT adotando práticas, discursos ou alianças que são prejudiciais, levando a consequências graves como a perda das eleições municipais para a direita, a exemplo do que acaba de acontecer.

É difícil dirigir uma crítica direta a Lula. Só recorrendo, como faço agora, do humor ácido e da ironia para abordar um cenário político complexo, onde os erros na condução de uma estratégia de comunicação resultam em danos irreversíveis. O PT perdendo eleições para a direita indica uma preocupação com a ascensão da oposição e o impacto disso no futuro da política brasileira.

A ingestão mental não nutritiva da pica transmitida por Paulo Pimenta afeta tanto a saúde interna do partido de Lula quanto a percepção externa dos eleitores, expondo as entranhas e os dilemas enfrentados pelo PT e suas possíveis consequências.

O 6 de outubro de 2024 pode ficar marcado como o dia em que o Brasil postou-se no palco de uma virada surpreendente nas eleições municipais, com uma vitória expressiva da direita em várias capitais e grandes cidades. Esse triunfo, que pegou muitos de surpresa, não foi apenas o resultado de uma mudança repentina nas preferências do eleitorado, mas também fruto de uma série de erros estratégicos e falhas de comunicação no governo federal.

Desde o início de seu terceiro mandato, Lula enfrentou desafios imensos. Embora tivesse iniciado seu governo com promessas de retomar o crescimento econômico e ampliar os programas sociais, como o Bolsa Família, o clima político se tornou cada vez mais tenso. A relação com o Congresso se deteriorou, e a percepção de que o governo não estava conseguindo entregar resultados concretos no curto prazo começou a se espalhar. Apesar das boas intenções, a comunicação do governo com a população, confiada a Paulo Pimenta, foi inconsistente e, muitas vezes, confusa. Não bastasse isso, houve uma tentativa, abortada pelo Tribunal de Contas da união, de criar-se um mensalão entre um grupo de três a cinco amigos, que acham, como o ministro, que pimenta no dos outros, é refresco.

Hoje é possível constatar que um dos principais fatores que enfraqueceu a imagem de Lula 3 foi a falta de clareza em suas prioridades. Projetos importantes, como a reforma tributária e o combate às mudanças climáticas, pareciam avançar de forma lenta e desconexa, enquanto questões de segurança pública, uma das grandes preocupações do eleitorado, não recebiam a devida atenção. Enquanto isso, a direita, atenta a esse vácuo, focou sua campanha em temas que ressoaram diretamente com as ansiedades da população: segurança, combate à corrupção e uma postura firme contra o aumento de impostos.

Os candidatos de direita, habilidosos em usar as redes sociais e em se conectar com os anseios populares, capitalizaram sobre a crescente insatisfação. A oposição conseguiu construir uma narrativa de que a esquerda, embora bem-intencionada sob o comando de Lula, esteve, como está, desconectada da realidade das ruas e mais preocupada com questões ideológicas do que com a melhoria imediata da vida das pessoas.

A comunicação fragmentada não apresenta as ações do Planalto. Os discursos da Secom são contraditórios entre ministros e aliados, contribuindo para o fortalecimento da oposição. Em momentos cruciais, o governo não conseguiu explicar de forma simples e objetiva suas políticas, e a narrativa negativa ganhou força. Essa situação permitiu que a direita colhesse os frutos da insatisfação.

Além disso, a polarização política do país foi intensificada pela habilidade da direita em criar uma comunicação direta e eficaz com as mais diferentes classes sociais, enquanto a esquerda pareceu ter dificuldades em reagir a ataques e em responder de forma unificada. Isso se refletiu nas urnas, com candidatos de direita vencendo em importantes centros urbanos, outrora bastiões da esquerda, e consolidando-se como uma força política poderosa em todo o Brasil.

Dona Janja, que dá pitacos aqui e ali, bem que poderia ter uma nova conversa com o marido. Ninguém melhor que ela, na condição de primeira-dama, para enfatizar que vitória da direita nas eleições municipais não representa apenas um revés para o governo de Lula, mas um alerta sobre a necessidade de repensar estratégias, principalmente de Comunicação Social, para se reconectar com as bases e recuperar a confiança de uma população que, neste momento, se sentiu mais atendida por um discurso conservador e pragmático. O resultado das urnas também sugere que as eleições presidenciais de 2026 serão ainda mais disputadas, com uma direita revigorada e uma esquerda buscando, desesperadamente, ajustar sua rota.

Enquanto o país reflete sobre os próximos passos, o governo Lula 3 terá que lidar com as consequências dessa derrota e se preparar para os desafios vindouros. Na primeira vez em que estive com Lula, em Brasília, o general de plantão no Palácio do Planalto era Ernesto Geisel. O agora presidente era um potencial líder sindical. Ao longo dos anos, chegou a virar até ‘O Cara’. Mas deu as costas para outros caras. O tempo é curto, Dona Janja. Se aceitar dicas, dou logo duas: mande chamar um aparentado do pai de Sherlock Holmes e um representante da Jack Russel ID. Os dois sabem como transmitir mensagens ao povo. Na eventualidade de a Senhora aceitar a sugestão, garanto que seu marido voltará a degustar uma carne de panela sem pimenta. Como fez lá em casa, no dia em que Arnaldo Prieto, de mau humor, negou-se a receber em audiência o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Paulista.

Sair da versão mobile