Genérico de Viagra
Pinto comendo milho no umbigo ajuda homem a recuperar libido perdida

Por mais que pareçam fábulas, exageros de linguagem ou maledicências da sintaxe ou da fonética, os absurdos existem e estão aí para serem contados. Por exemplo, não sou autodidata em assuntos de libido, tampouco em conhecimentos medicamentosos. É por isso que até hoje pesquiso nos almanaques do Capivarol, mas ainda não consegui entender o que Zé Simão quis dizer ao afirmar que, sem o Viagra, ele não levanta nem falso testemunho. Pior foi captar a mensagem metafórica de que o genérico do Viagra é o milho.
Precisei de duas explicadoras para entender que basta colocar o milho no umbigo e aguardar o pinto subir para comer. Fácil, mas muito difícil para aqueles que, como eu, sabem quase nada além do feijão com arroz. Acrescentar bife, salada e ovo frito normalmente é sinônimo de fim da linha. Pior é quando a conversa de alcova descamba para os efeitos estonteantes e resfolegantes do azulzinho. Dia desses, durante um colóquio sincero com a patroa, reneguei um prato de sopa sob o absurdo argumento de que o Viagra me deixara sem fome.
Como já havia me utilizado da mesma desculpa no café da manhã e no almoço, a moça ficou braba. De dedo em riste, me deu um safanão, exigiu que eu saísse de cima dela e num tête-à-tête raivoso me disse que estava morta de fome. O que fazer? Conhecendo-a como a conheço, atendi rapidamente. E de nada adiantou eu tentar explicar que minha inocência a respeito desse tema é pai d’égua, isto é, pior do que um burro chucro no cio que, ao dar de cara om a mula, prefere o atalho sugerido pelo jegue.
Não tenho vergonha alguma de tornar público que não sabia a diferença entre o Panadol e o Viagra. Passei a saber quando a simpática atendente da botica do meu bairro me disse, quase soletrando, que o Panadol é paracetamol e o Viagra é parapilamole. Apesar do acentuado déficit de atenção, sou um cara antenado nos percalços dos vizinhos mais próximos, principalmente quando eles são ainda mais desatentos do que eu. Conheço vários com esse perfil.
Um deles, marinheiro de primeira viagem, foi pego com a boca quase na botija. Como quase é quase, até aí nada demais. O problema ficou feio ao ser flagrado ingerindo um Viagra antes de sair para a missa das 7. Nem mesmo a desculpa de que estava fissurado na homilia do padre serviu de atenuante. Mesmo em êxtase, o pau que deveria cantar em outra freguesia baixou em casa de Noca. O trem foi feio. Era chilepe pra cá, chilepe pra lá, chilepe pra todo canto.
Cheio de marcas, o lombo do sujeito parecia um reco-reco na mão de um tocador bêbado. Com base na Lei Maria da Penha, a operadora do pau barbado levou o sujeito ao andador. Para fugir das surras diárias da patroa, ele tentou uma longa e ineficaz cirurgia de mudança de sexo. Além de catastrófico do ponto de vista do retalhamento, o resultado acabou gerando para o indigitado um crescimento da próstata. Ou seja, é um daqueles casos em que a emenda ficou muito pior do que o soneto. A moral da história é simples: melhor se fingir de morto e deixar o morto por conta da própria sorte.
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Wenceslau Araújo é Editor-Chefe de Notibras
