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Pior governo da história do Brasil recebe a extrema unção

O presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, participa da arriação solene da Bandeira Nacional com apoiadores, no Palácio da Alvorada

Depois de uma anunciada, longa, louca, criminosa e assustadora viagem dos horrores, a aeronave chamada Brasil supera todo tipo de turbulência e conseguirá aterrissar em segurança no próximo domingo, primeiro dia de nossa vida nova no Ano Novo. Associadas à força da tripulação, a perícia e a experiência do piloto eleito em outubro nos garantirá pousos mais suaves daqui para a frente. Além do mau tempo nesses últimos quatro anos, o comandante Luiz Inácio foi obrigado a se desviar do constante mau humor e ameaças do tenente e de seu exército de marionetes metidos a aiatolás, todos deslumbrados e sedentos pelo poder. Com apoio da maioria do povo brasileiro, ultrapassou todos os obstáculos e entrará para a história como o político que venceu os golpistas sem disparar um único tiro.

Por falar em armas, não torço, mas tenho uma sugestão para aquele presidente golpista e que, diante do mundo, optou pelo silêncio quando os terroristas fantasiados de patriotas resolveram assumir o comando do golpe que eles arquitetaram e, por conta do fracasso, terão de engolir como algo de impossível realização. Pelo menos por agora. Quem sabe consigam aproveitar o que sobrou da empreitada para editar cartilhas com os quadrinhos dos cálculos errados que produziram. Os membros da seita adorariam guardar uma lembrancinha verde e amarela do mito que nada fez por eles, muito menos pelo Brasil. Surgiu, sumiu e desaparecerá com o aval de sua própria mediocridade. Quanto a sugestão, o ideal seria parafrasear Getúlio Vargas e, mesmo sem o radicalismo da vida, também entrar para a história. A forma é uma questão de foro íntimo. Getúlio escolheu um atalho.

Para tentar manter uma lógica no raciocínio e um raciocínio meio lógico sobre o que vivemos desde 2018 e o que deveremos viver no futuro, talvez seja necessário um breve recuo no tempo. Deputado federal sem projetos e sem projeção, sem carisma e sem quase nada inerente ao ser humano do bem, Jair Messias de repente ascende politicamente. Sem pedir licença aos deuses do poder, desce de uma nave chamada loucura e, com apoio fanatizado de alguns brasileiros, adentra o Planalto. Embalado por uma tresloucada facada, chegou lá por absoluta falta de ídolos. Quem achava que o mito tinha toda essa força continua achando que ele dará o golpe. Errou lá e errará cá. Se duvidam, esperem até domingo, 1º de janeiro. Depois disso, o tempo poderá ficar cinzento ou avermelhado de dor. Afinal, quem planta vento colhe tempestade.

Dos vários ditados popularescos surgidos nas entranhas do subúrbio do Rio de Janeiro, dois são, além de autoexplicativos, reveladores quando a análise, o comentário ou a narrativa são a respeito do governo Bolsonaro ou do próprio. Por exemplo, quem tem o “O” tem medo. Mais simplório, embora também cristalino, o outro estabelece que não devemos chutar cachorro morto. É uma questão de semântica, mas vale registrar que ambos se completam. Ao contrário do tenente presidente, Luiz Inácio chegou, apareceu, venceu, errou, pagou caro pelos erros e, com a humildade dos pecadores honestos, venceu novamente. E tudo indica que aprendeu com a vida que a ditadura começa no querer governar as escolhas dos outros.

Do mesmo modo que me horroriza a forma odiosa e criminosa de política da extrema-direita, me preocupa a possibilidade do liberou geral de um governo popular. Há coisas e coisas, situações e situações, pessoas e pessoas e, sobretudo, conceitos e conceitos. Um deles é o do fim do espaço de um e o início do espaço de outro. Aberto a todo e qualquer tipo de vida, entendo como normal e, acima de tudo aceitável, qualquer forma de amar. Por isso, teimo em questionar o divisionismo que um dia a esquerda propagou. O que leva um ser humano a se achar mais importante ou superior que o semelhante? Será a mente inferior dos que conduzem? Seja lá o que for, é bom que os poderosos lembrem de mitos como Lampião, John Kennedy, Aristóteles Onassis, Henry Ford, Steve Jobs, Muammar al-Gaddafi, Saddan Hussein e Osama Bin Laden.

Pacífica e humildemente, eles hoje repousam em espaços físicos similares aos de anjos como Mahatma Gandhi, Madre Tereza de Calcutá, João Paulo II e Irmã Dulce. Felizmente, a união salvou do marasmo eterno os coxinhas e os de denominados pão com mortadela. Melhor assim. Do alto de minha vivência suburbana, serena e ordeira, prefiro avaliar tudo isso como pensamentos e achismos menores de pessoas inferiores, mas que acreditam serem grandes demais para conviver com mortais simples e fanáticos pela paz. Para quem foi do céu ao inferno em 580 dias, Lula da Silva sabe o que lhe espera e o que esperam dele. Sabe, principalmente, que não poderá deslizar na soberba, como fez e faz o Jair, cuja administração se resumirá a um recorde de vetos derrubados e a menor taxa de projetos aprovados. Resumindo, vivemos os últimos suspiros do pior governo que o Brasil e os brasileiros já tiveram.

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