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Papo de serelepes

Pizza da Dona Irene quase vira sopa de letrinhas

Publicado

Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Acervo Pessoal

Ontem, um sábado, acordei com o choro da Malulinha, minha filha recém-nascida com a Dona Irene. Assim que coloco os pés para fora da cama, eis que o Chengulo, meu inseparável buldogue, me cutuca o calcanhar me pedindo para sair. E, se não bastasse, o meu chefe, José Seabra, me telefona lá de Brasília me cobrando a crônica do dia seguinte. Que sufoco!

Pois bem, peguei a Malulinha no colo e, graças ao meu ótimo faro de perdigueiro, constatei a razão daquele berreiro. Ligeiramente saquei os apetrechos e fiz a troca de fralda mais rápida possível, que, provavelmente, deve merecer uma notificação, nem que seja de louvor, no livro dos recordes. Em seguida, saio com o Chengulo para dar aquela volta pelo Menino Deus, o mais tradicional bairro da linda Porto Alegre.

Mal volto para o lar, doce lar, minha esposa me grita “Vá à feira e compre várias pizzas da Adriana! Da Adriana, ouviu?”. Isso me deixa entre a cruz e a espada. No entanto, não tenho dúvida e pego a carteira para atender o pedido inadiável da Dona Irene. Quanto ao meu chefe, que espere!

Já na rua, apresso o passo, não apenas para comprar as tais pizzas, que, diga-se de passagem, são mesmo maravilhosas, como também para esquentar este meu corpinho carioca, tão adaptado às duas únicas estações do Rio: verão e inferno. Levo menos de 15 minutos até a banca da Adriana, ali na Feira Ecológica do Menino Deus.

– Oi, Dudu! Como vai a Dona Irene?

– Como sempre, Adriana. Faminta pelas suas pizzas.

– E vai levar quantas hoje?

– Dez.

– Tudo isso?

– Melhor levar 11. Ela adora essa de chocolate.

Assim que me despeço da minha amiga, eis que, ao me virar, dou de frente com uma banca de livros. Apaixonado que sou por literatura, acabei me esquecendo do desejo da minha amada e, principalmente, da ordem do meu chefe. Ainda mais porque logo descobri que o simpático vendedor era também o autor de alguns daqueles livros. Seu nome? Amauri Antonio Confortin, escritor e proprietário da Joanin Editora & Livraria.

Conversa vai, conversa vem, o Amauri, com aquele jeito próprio dos grandes contadores de histórias, me disse que, apesar de trabalhar com perícias (cálculos trabalhistas), se sente realizado como escritor. Por isso, o agora meu novo amigo me contou que ama ir a escolas e conversar com a gurizada, com quem ele se inspira observando aqueles olhinhos atentos e brilhosos.

– Dudu, são experiências tão enriquecedoras, que é uma maneira de amenizar saudades da infância, de brincar de pés descalços, do futebol com bola de meia e de subir em árvores.

O Amauri, além de escritor, também se encontrou ajudando outros autores, que desejam publicar seus próprios livros. Por isso, a sua editora, que a princípio era apenas para publicar seus trabalhos, começou a atender outros escritores. Aliás, ele se refere à própria editora como sua fantástica fábrica de livros, que transforma sonhos em literatura.

A prosa estava tão boa, que eu poderia passar a manhã inteira com o Amauri. Entretanto, eis que meu aparelho celular toca. Dona Irene, do outro lado da linha: “Dudu, cadê as minhas pizzas?” Não tive escolha e, então, me despedi do companheiro das letras e voltei para o lar, doce lar, o mais rápido que as minhas pernas conseguiram.

Fui direto para a cozinha. Coloquei uma pizza para a minha amada, que estava com aquela fome de mulher que amamenta. Ainda bem que em menos de 10 minutos a pizza ficou pronta. E, enquanto a Dona Irene devorava aquele típico manjar do Olimpo, foi aí que percebi que havia um monte de mensagens do meu chefe me cobrando pela crônica, que eu ainda precisava escrever. Foi justamente nessa hora que constatei uma das mais desejáveis qualidades de um cronista: saber enxergar uma boa história nos acontecimentos do dia a dia.

Quer editar as suas? Os contatos do Amauri Antonio Confortin são (51) 98594-0921, joanineditora@gmail.com e joanineditora.com.br.

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