Hora da verdade
Planalto pode usar artilharia do Senado contra Campos Neto
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emO que não faltam são boas notícias para animar os dias de Fernando Haddad. A inflação continua em queda, com redução nos preços de alimentos, energia e gás, e o mercado já reduziu a expectativa de inflação para 4,90% ao ano. A agência de risco Fitch Ratings elevou a nota do país pelo ‘desempenho macroeconômico e fiscal acima do esperado’ e pela estimativa de que ‘o novo governo trabalhará para melhorias adicionais’. E até o FMI elevou a previsão de crescimento brasileiro para 2,1%.
Mas, se Haddad está em alta, lá embaixo está o irredutível Campos Neto. O presidente do BC que era tratado como divindade no auge do bolsonarismo-farialimismo, agora está descobrindo não só que é mais um ser humano, como pode prestar contas à lei, mais precisamente ao TCU, que abriu apuração sobre a possibilidade de terceirização da gestão de ativos da instituição. Mas, obviamente, a pressão maior se deve à teimosia em manter a estratosférica taxa de juros, pressão que deve aumentar até a reunião do Copom nesta semana.
De tão otimista, o mercado recém convertido ao Lulismo fala em queda de até 0,75%, o que é bastante improvável. Porém, a paciência do governo acabou e, como todos os outros índices econômicos apontam melhoras, a irresponsável política do BC levará a culpa pelo pequeno número de postos de trabalho criados em junho. E se a redução da Selic for de apenas 0,25% como alguns preveem, o governo vai abrir fogo para que o Senado derrube Campos Neto.
Mesmo que a semana que etá começando não traga boas notícias do Copom para Haddad, um plano B do governo está em curso: o pacote de dezessete medidas para o mercado de capitais e seguros que acaba de ser anunciado, tem potencial, segundo os analistas, para aumentar a concorrência, aumentar a oferta e baratear o crédito, independente da taxa Selic, e pode ser que, finalmente, os planos do novo PAC saiam da gaveta de Rui Costa.