Planta dentro de casa é sinal de vida. E qualquer ambiente bem decorado com as mais diferentes espécies fica mais aconchegante. O certo é que um toque de vegetação pode ser o ingrediente que faltava para tornar qualquer ambiente, instantaneamente, mais fresco e acolhedor. Disso ninguém duvida. Mas como escolher as plantas mais adequadas quando as condições locais não são as mais favoráveis? Em meio a casas e apartamentos cada vez menores? Em ambientes com pouca – ou quase nenhuma – incidência de luz natural, baixa umidade do ar e moradores com pouco tempo para se dedicar a regas e podas?
“A luz solar é o principal fator a ser observado na hora de escolher uma espécie para cultivo em interiores. Mas essa relação não é direta. Existem plantas que se adaptam bem ao cultivo a pleno sol, outras à sombra, à meia-sombra e, para algumas variedades, apenas a exposição à iluminação natural, sem incidência direta, já é suficiente. Tudo é uma questão de saber escolher”, recomenda o engenheiro agrônomo e paisagista Ricardo Pessuto (@pessutopaisagismo).
“Claro que é impensável trancar uma planta em um lavabo, sem nenhuma luz natural e esperar que ela se desenvolva. E isso também é válido para qualquer área onde a incidência direta da luz do sol seja restrita, ou mesmo inexistente, como halls de entrada, corredores, closets e áreas de passagem. Mas, se o ambiente for minimamente iluminado com luz solar, para determinadas espécies, as chances de sucesso são grandes”, afirma ele.
Conhecidas como super-resistentes, determinadas plantas são verdadeiros trunfos nas mãos dos designers de interiores. Assim como de moradores pouco afeitos à jardinagem doméstica. Com desenvolvimento perene praticamente durante todo o ano, elas são famosas pela sua robustez – a maioria tem folhagem espessa e resistente, com uma cor próxima ao verde-escuro –, mas, principalmente, pela propensão que têm de crescer mesmo onde há pouca luz.
Em sua maioria, são espécies originárias das florestas tropicais, onde a luz do sol acaba sendo bloqueada pelas copas das árvores antes de atingir o solo, e elas acabaram se habituando a viver na sombra, crescendo e se espalhando por toda a superfície do solo. Outras são plantas originalmente adaptadas à vida em climas desérticos ou semidesérticos, portanto, sujeitas a condições de insolação e de variações extremas de temperatura e a terrenos áridos e pedregosos.
Mas, ao contrário do que possa parecer, tais condições não são exclusividade do meio natural. Também nas cidades, elas podem ser facilmente reproduzidas. Basta considerar apartamentos que se abrem de frente para outros prédios, ou que têm edifícios altos como vizinhos ou ainda árvores na altura das janelas, produzindo sombra na maior parte do dia. Ou ainda a baixa umidade do ar e a acentuada oscilação térmica, verificada em regiões com clima que tendem ao seco, como é o caso da cidade de São Paulo, para se chegar a um hábitat bastante similar ao vivenciado pelas super-resistentes.
“Apesar de bem iluminada, a biblioteca era um dos poucos espaços do apartamento que não recebiam luz natural direta. Ainda assim, para acrescentar cor e movimento e quebrar a monotonia dos livros enfileirados nas estantes, decidimos também trabalhar com plantas no ambiente. Para tanto, optamos por algumas espécies pendentes, próprias para sombra, como a jiboia. Além disso, inserimos também diversos tipos de espadas-de-são-jorge, que também se adaptam bem à pouca luminosidade”, explica a paisagista e designer de interiores carioca Anna Luiza Rothier (@annaluizarothier).
Por fim, entre as regras de ouro da jardinagem, existe uma que permanece válida, inclusive para as super-resistentes. Plantas, por natureza, avessas a excessos hídricos. “Se seguido à risca, o princípio da ‘terra seca’ teria salvo a vida de muitas plantas domésticas. Se não for aplicada com moderação, a água pode se transformar em uma verdadeira inimiga das plantas”, afirma a engenheira ambiental Brenda Dias, da Galeria Botânica (@_galeriabotanica).
Segundo ela, as plantas só devem ser regadas quando o solo nos vasos estiver seco, o que pode ser facilmente constatado pela introdução periódica de um dedo em cada recipiente. “Por não ser exposta ao sol e ao vento, a terra nos vasos de interiores demora mais a secar. Como a drenagem é reduzida, o excesso de água não descartado pode acabar danificando a planta”, resume.
Por isso, antes de regar, é essencial verificar se a terra está ainda úmida. Se a resposta for sim, aguarde alguns dias. “Não devemos ter pressa. Se não tivermos certeza, o melhor a fazer é esperar. Muitas plantas podem até sobreviver à seca, mas não toleram o excesso de água”, conclui.