Notibras

Pneus balançam as finanças da Vênus Platinada

José Escarlate

José Roberto e o irmão João Roberto, filhos de Roberto Marinho, foram mandados pelo pai, o todo poderoso Roberto Marinho, para um estágio na redação do Globo, na sucursal de Brasília. Corria o ano de 1976, governo militar. Cada dia eles saíam com repórteres diferentes para conhecer o trabalho de cobertura jornalística, em cada área.

Um dia com o Merval e comigo, no Planalto, o outro com o Teixeirinha ou com Antônio Martins, no Congresso. Os dois herdeiros do clã Marinho recebiam salários que, segundo eles, eram os mesmos de repórter iniciante. Pixulecos.

Um dia, José Roberto, no velho carro do jornal, foi ao Congresso. O motorista, Severino, excelente figura, conversando, disse que os pneus do carro – uma velha Rural Willys – estavam carecas. Foi quando o jovem o autorizou a trocar os pneus, por novos.

Severino não se fez de achado. Foi a uma loja de pneus da W-3, que atendia ao jornal, e mandou colocar quatro pneus novos. Trouxe a nota fiscal e pediu ao José Roberto para rubricar, autorizando.

Quando viu o valor total, o jovem Marinho empalideceu. Chamou o Severino e reclamou. “Severo – disse. É para trocar só dois pneus. Se essa conta chegar às mãos do papai, ele me mata”, explodiu.

Severino voltou e conseguiu devolver os dois pneus, comprados a mais.

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