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Pode até ser utopia, mas é bom pensar em um mundo sem preconceitos

A maior falha do ser humano é querer definir como seu semelhante tem que viver. Isso se deve às normas sociais que nos são incutidas ainda no berço, onde nossa noção de “certo e errado” é gravada de tal forma que nos acompanha durante toda a nossa vida. Várias são as ferramentas usadas para alcançar esse intento… tradição familiar, religião, grupo social…

O que importa é que se algo não confere com o código vigente, logo aparece algum “patrulheiro da moral e bons costumes” tentando convencer o transgressor a rever seus conceitos, retornando ao “bom caminho”, seguindo as diretrizes que a todos é imposta…

Qualquer atitude que não siga os cânones vigentes desperta esse desejo de corrigir o “infrator”… afinal, este coloca em risco o “status quo” do grupo ao qual participa. E isso não se perdoa…

Em determinadas situações tal atitude do indivíduo é tolerável, mas não totalmente aceita. Se faz vista grossa quanto à conduta, se tal ação tiver como objetivo a “diversão”… ou seja, se tal postura for apresentada de forma jocosa, há problema, é claro… mas ainda é aceitável…

Por mais que digamos que somos abertos à diferença, que não nos importamos com ações que fogem de nosso parâmetro, nosso sistema de alerta está sempre ligado. Uma vestimenta fora do que consideramos aceitável, uma maquiagem, piercings… são coisas que nos incomodam, e muito. E nos fazem abordar o sujeito em questão para fazê-lo entender que está “errado”…

Um garoto andando na rua, tatuado, corrente pendurada no pescoço, bermudão arriado, é sinal de alerta para os “patrulheiros”. Uma garota com a maquiagem carregada, indumentária bem curta, brincos e piercings, também. A diferença é que, enquanto o rapaz desperta o sentido de “atenção, perigo”, a garota será vista como alguém inofensivo, mas digno de um “puxão de orelhas” para aprender a se comportar. Mesmo que ninguém diga nada a nenhum dos dois, esse será o sentimento corrente entre os observadores…

Essa é nossa índole. Julgamos pela aparência. A velha máxima que diz que “a primeira impressão é a que fica” ainda está em vigor. E devido a essa forma rasa de avaliação, perdemos a chance de conhecer pessoas incríveis, que poderiam somar em nossas vidas. Mas é assim que somos…

Talvez você pense “mas a sociedade, nos dias de hoje, está mais tolerante”. Não exatamente. Temos alguns avanços, mas são pontuais. Em boa parte do mundo uma pessoa “diferente” corre o risco de ser agredida. Mesmo nos lugares onde supostamente as pessoas são mais abertas ao diverso, isso não reflete a realidade…

O preconceito está de tal forma arraigado nas pessoas que, mesmo aquelas que desejam ser mais abertas, em algumas situações não conseguem. Quiçá um dia possamos vencer essa nossa dificuldade de aceitar o “diferente” sem reservas, sem nenhuma ideia pré-concebida… nesse dia realmente estaremos caminhando para um mundo onde reinará a Paz e a Harmonia…

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