Há cinco anos, dia 25
‘Pode preparar a escova de dentes que os homens de preto estão chegando’
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1.
São 03h da madrugada. Estou com insônia, talvez medo. A sexta-feira 17 começou como se fosse sexta-feira 13: “O Brasil é ingovernável sem conchavos”. Bomba! Bomba!
2.
O dono da frase -em carta postada no whatsAapp e Twitter – foi um certo “autor desconhecido” e o texto foi enviado, de acordo com a imprensa comunista, Presidente, pelo senhor pessoalmente… SIM!.. Pelo senhor mesmo… A mensagem foi enviada a alguns grupos de seus seguidores nas redes para que eles divulgassem ao resto do país.
3.
Segundo o senhor, digo… Segundo o “autor desconhecido”, o “País está disfuncional”. Estou tentando entender até agora o que o senhor quis realmente dizer. Frase profunda, Presidente. Não cheguei ainda a nenhuma conclusão definitiva. Talvez se o senhor falasse sobre forças ocultas ou renúncia, com os meus parcos conhecimentos de História do Brasil eu conseguiria fazer algumas relações, inferências, inferências. Mas também, a esta hora da madrugada, Presidente… Eu também não sei mais se estou com insônia ou medo.
4.
No contexto atual, pode-se afirmar que o documento é explosivo; sim, pois tem o potencial de uma carta-bomba. Tá… Carta-tsunami, em ondas, Seria mais fiel ao difícil momento de enchentes e vazantes dos fatos e fotos e fakes que historicamente teimam em se repetir em nosso país. Como? O senhor acha mais transparente: carta-SOS? Não?…Tá: carta-desabafo. Ok!
5.
Hora de descansar, Presidente. Sejamos práticos: deixemos arrumadas umas trocas de roupa na pequena mala; vamos separar a escova de dente, o casaco militar de emergência, o coturno e colocar a família de sobreaviso. Não, não se preocupe, Presidente. É apenas por precaução, Ok? E, por favor, também deixe acesas todas as luzes do grande palácio, os celulares apagados e os cartões das contas no exterior quebrados e sumidos.
6.
São 05h da madrugada. A insônia parece melhorar; o medo não.
Dia 25 está chegando e parece que não haverá mesmo retorno.
Vamos desligar e este telefonema-desabafo jamais aconteceu.
Boa noite, Presidente.