Prometo
Esta é a última vez que te escrevo
E vou te esquecer
Você também me esquece
Vou fazer as malas, deixar a casa vazia
Enquanto você não chega de Minas
Levar a “Divina Comédia”
Vou precisar dela na estante da casa nova
E você não vai ver
A nova disposição
Nos móveis antigos
Das minhas canecas de estimação
E a adaptação das novas plantinhas
Porque as nossas morreram
Nós vamos ficar aqui
Entre essas paredes
Que talvez caiam, um dia
Sobre outros inquilinos
Na casa nova não existirá “nós”.
Haverá eu sozinha
Ou com alguém, talvez, mas não agora
Quero ainda aproveitar o teu cheiro
Quero ainda aproveitar o pouco do teu amor
Que ficou nas minhas roupas.