Entrevista/Daniel Marchi
Poeta e contista coloca no papel A verdade nos seres
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emAntes mesmo de ter sido convidada para escrever a orelha de “A Verdade nos Seres”, disse ao seu autor, Daniel Marchi, após ler algumas poesias dele em Notibras e em suas redes sociais, que seus poemas parecem quadros numa exposição. Criando imagens surpreendentes e algo raras, os textos contam com temáticas e resoluções interessantíssimas, de uma forma que poucas vezes vi.
Confesso não me sentir tão gabaritada para criticar poesia, mas sou uma ávida leitora do gênero. Por isso, tenho tranquilidade em dizer que vejo no poeta Daniel Marchi não apenas ele, mas vários outros autores, outras paisagens, outras épocas. Creio que isso se deve ao fato de todos nós sermos produto de nossas influências literárias.
A entrevista a seguir foi concedida pelo autor em duas sessões. Uma primeira parte por vídeo, quando eu ainda estava no meu apartamento em São Paulo, logo após chegar de Brasília, onde passo boa parte do tempo por conta do trabalho aqui na redação A outra foi num encontro pessoal com Daniel quando conversamos sobre o Café Literário, nova seção de Notibras.
A seguir, apresentamos para nossos leitores alguns aspectos desse escritor que, à primeira vista, parece ser inacessível e distante, mas se mostrou uma pessoa generosa e aberta, características claramente encontradas na sua prosa e na sua poesia.
Para quem você escreve?
Pergunta difícil… Mas acho que é para mim mesmo. Pensando bem, o ato de escrever é solitário. Da minha mente para quem, eventualmente, irá ler. O escritor deve ser solidário, no sentido de compartilhar o resultado de sua escrita. A gente nunca sabe como uma frase, um verso, um pensamento irá tocar positivamente o semelhante. Mas, na hora da produção literária, eu sou egoísta mesmo. Só penso no que está dentro de mim. E de como colocarei isso para fora.
Fale-me das suas influências na poesia.
São várias. Desde muito jovem eu gostei de Manuel Bandeira, Vinicius, Neruda, Augusto dos Anjos. Foi nos meus livros de português, a partir da quinta série, que tive contato com esses nomes e seus poemas. Ali descobri algo que me falava verdadeiramente ao coração. Mais tarde somaram-se muitos outros autores à lista. Mas nenhum deles tem minha admiração como o carioca Augusto Frederico Schmidt, e o tanto que gosto desse cara eu não consigo nem explicar. Ele morreu em 1965, e parece que eu o conheci, que o encontrei ainda ontem. Mas isso não quer dizer que eu me aproprie do estilo de nenhum deles, nem tente imitá-los. Claro que, às vezes, até inconscientemente, pode aparecer uma imagem, uma construção, uma ideia parecida com o produto de minhas leituras. Mas, se acontece, não é intencional.
Como foi o processo de escrita do seu livro?
Em verdade, há poemas no “Verdade nos Seres” que abrangem uma grande fase da minha vida. Justamente pelo fato de ser meu primeiro livro, resolvi pegar coisas lá do passado, das raízes. O poema mais antigo é de 1998. O mais novo é de poucos dias antes do fechamento do material original. Mas eles não estão em ordem cronológica. E, sob minha perspectiva, acabaram compondo um conjunto que faz sentido. Alguns desses poemas foram publicados antes. Seja em revistas de poesia, coletâneas, foram recitados em saraus e até mesmo em redes sociais e nas páginas de Notibras. Mas acabam ficando com aparência de inéditos porque é a primeira vez que saem em livro.
O livro se compõe em duas partes…
Sim. A primeira parte é sobre coisas que vi, momentos pelos quais passei. É a parte chamada “Surrealismo de Subúrbio”, porque estão ali algumas cenas que me inspiraram poemas ao longo da vida, da minha vida que está intimamente ligada ao subúrbio carioca do Méier, de onde sou originário, por exemplo. A segunda parte é “A Verdade nos Seres” propriamente dita. Ali, cada um dos poemas é fortemente inspirado numa pessoa específica. Às vezes declarada, outras oculta.
E quais são as suas expectativas para “Verdade nos Seres”?
Sabe, prefiro não criar expectativas, pois imagino que muitos poetas e escritores ressentem da fobia de não ser aceito pelo público. A mente humana é complexa, e creio que a do poeta é um turbilhão de emoções. É óbvio que quero ser lido, que as pessoas gostem dos meus escritos. Todavia, estou vivendo um momento de curtir meu primeiro livro, que é como um filho, que, no meu caso, foi gestado durante mais de 20 anos.
E você está satisfeito com o resultado?
Sou muito crítico ao que escrevo. De vez em quando me pego pensando que deveria ter colocado um ou outro poema. No entanto, creio que o resultado ficou harmonioso.
Daniel, e onde as pessoas podem adquirir “Verdade nos Seres”?
Acabei fazendo essa edição de forma independente. Então, os que quiserem adquirir o livro podem entrar em contato diretamente comigo no Instagram (@prof.danielmarchi) ou no meu e-mail danielmarchiadv@gmail.com.
A Verdade nos Seres, livro de poemas, pode ser adquirido diretamente através do e-mail danielmarchiadv@gmail.com