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Poetas gastam sola do sapato para mostrar (e vender) os seus versos

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As dificuldades de ter um livro publicado e vendido nas grandes livrarias, de fazer parte do chamado mercado editorial, fazem com que poetas tenham que, cada vez mais, ganhar as ruas e descobrir caminhos para divulgar e vender seu trabalho.

As plataformas não podem se restringir apenas aos livros, têm que alcançar viadutos, praças, paredes, camisetas e, principalmente, a internet. O assunto foi tema da mesa A produção poética, o leitor e o mercado editorial, na  2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura.

A Voz do Ventríloquo não está em nenhuma livraria do país”, disse o poeta Ademir Assunção, autor do livro, pelo qual recebeu, no ano passado, o Prêmio Jabuti de Poesia. “Meu editor ofereceu para as grandes livrarias, mas exigências eram tantas que ele me perguntou se valia a pena. Eu disse que não. As regras são muito predatórias.”

A saída encontrada por Assunção foi colocar o livro à venda na internet. “Para a poesia, a internet é um meio muito melhor e mais adaptável que para o romance”, diz o autor, que costuma publicar poemas em sua página do Facebook. “Vi que é um meio ótimo, onde se tem de tudo. Até poemas. Leio coisas muito interessantes, conheço autores pelo Facebook. O Facebook é a rua, dá tudo.”

O poeta brasiliense Nicholas Behr, associado à chamada Geração Mimeógrafo e à Poesia Marginal, não poupa esforços para que o que escreve chegue aos leitores. “Escrevo para ser lido e divulgado, vou às escolas, compartilho meus sentimentos, minhas emoções, mando meus livros pelo correio – eu adoro enviar pelo correio”, contou Behr.

Segundo ele, que também usa a internet e o Facebook para divulgar sua poesia, o maior prêmio é o contato e o reconhecimento do leitor. “Eu estou sempre facilitando o contato. No meu livro tem e-mail, telefone e endereço. Sempre me perguntam se sou louco por dar essas informações. Eu digo, fica tranquilo, os pedidos são pouquíssimos. Esse é um privilégio do poeta menor.”

O também poeta Wilson Pereira vê na educação e nos programas governamentais uma forma de divulgar as obras e difundir a poesia. O nome de Pereira consta da lista de autores do Programa Nacional do Livro Didático, que distribui obras nas escolas públicas de todo o país. Com isso, Pereira já vendeu mais de 20 mil cópias. “Poesia não é um gênero desprezado, precisa de mais promoção. Precisa estar nos muros, no telão dos estádios, precisa popularizar a poesia”, ressaltou.

Apesar de algumas obras chegarem aos alunos, observou o poeta Zé Carlos Vieira, nas escolas, falta incentivo à leitura, ao consumo de arte, em geral. “É na escola que acontece a formação de plateia, de leitor, de consumidor de arte.”

Mariana Tokarnia, ABr

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