Amo escrever. Escrever é uma atividade que me realiza. Ao transpor para o papel os pensamentos e sentimentos, as frases inspiradas, as ideias que surgem não sei de onde, me sinto um creador*.
Sinto-me feliz quando consigo escrever ideias inspiradas, frases belas e poéticas, algo que só se consegue fazer em momentos especiais.
Nesses momentos, aproveito para extravasar sentimentos impossíveis de externar sem ferir suscetibilidades, justamente porque, muitas vezes, a inspiração surge de atitudes (em nossa ótica, inadequadas) de amigos, familiares ou pessoas queridas, os quais servem de elemento inicial para propor nossas ideias, sejam como elogios, sejam como fatores de crítica.
Muitos poemas os escrevi inspirado na beleza, doçura ou delicadeza de uma determinada pessoa. Assim como atitudes ríspidas ou de impaciência já me inspiraram a crear um texto, tendo como base as atitudes que desaprovei. A observação das pessoas com as quais interagimos acabam se transformando em nossa matéria prima, nossa massa de amalgamar novas creações.
Inspiram-me, também, a chamada finitude humana, ideia confrontada pelos crentes na “vida após a vida”, grupo este no qual considero-me esperançosamente incluído.
Contraria-me a ideia de fim, final ou finitude quando o assunto é a nossa vivência, a vida humana, a longevidade. Prefiro pensar na perenidade. Não da matéria em si, mas da Força Estranha, a energia ainda pouco conhecida, que não consegue perecer. Adoro a palavra perenidade. “Perene como a relva”; perene como o amor de um pai pelo seu filho!
Existem textos e poemas maravilhosos, inspirados, assentados sobre belíssimas construções escritas, as quais são admiradas ao longo do tempo sem perder seu encanto, cantadas em prosa e verso, e atravessando gerações.
Poetas existem muitos! Desde os cozinheiros que criam um prato delicioso; a dona de casa que arruma sua casa com perfeição e beleza; o carpinteiro ou o marceneiro que constroem belas obras de arte; os professores que elaboram aulas magistrais; os teatrólogos que escrevem textos fenomenais; oradores, detentores de retóricas irretocáveis; líderes religiosos que sensibilizam plateias sem fim… Inúmeros são os poetas que se dedicam a tornar o mundo melhor e mais prazeroso.
Sejamos todos nós, cada um na sua especialidade, os poetas de um mundo melhor, pleno e feliz! Mesmo que tenhamos a certeza de que a felicidade não mora aqui.
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(*) O inspirado filósofo catarinense Huberto Rhoden prefere chamar de “creação” a tudo o que se resume a atos inspirados, diferentemente do agricultor que faz criação de suínos, aves e outros animais.