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'Salve, como é que vai...'

Poli tenta unir adversários em batalha comum contra Cléber, o advogado Verde

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Marta Nobre - Foto Acervo Pessoal

Tanto quanto há algo de podre no reino da Dinamarca, coisa semelhante acontece no mercado imobiliário de Brasília. Justamente na capital da República, onde irmãos de sangue, ou padrinho e afilhado, sonham em se perpetuar ou voltar a diferentes esferas do poder. A narrativa de Shakespeare com seu Hamlet está sendo associada, aqui, às eleições para a seccional da OAB.

A confusão está tão grande, que representantes das quatro chapas que disputam a cadeira de Délio Lins e Silva Jr com Cleber Lopes, apadrinhado de Ibaneis Rocha, podem ingressar com reclamação na Comissão Eleitoral e no Conselho de Ética da Ordem, pedindo para investigar supostos abusos de poder político e econômico da Chapa Verde.

A iniciativa teria partido do comitê de Paulo Poli Maurício, atual secretário-geral da OAB brasiliense, que teme ficar fora da disputa com o quadro de polarização cada vez maior entre Everardo Vevé Gueiros e Cléber Afilhado Lopes. O que se comenta nos bastidores é que para sobreviver na campanha, Poli precisa tirar, entre os dois principais adversários, ao menos o mais fraco. No caso, Cléber. E como em eleição, independente do cargo em disputa, vale tudo…

O problema gira em torno do prédio que abriga o comitê central da campanha de Cléber. Fica na W-2 Sul, ao lado do restaurante Amigão. O imóvel pertence à ex-esposa de Ibaneis. Não se tem notícia de um contrato formal de locação. Mas há o prédio, o comitê. Valores? Ninguém comenta. É aí que entram as suspeitas de favorecimento, de ingerência política, e até mesmo de suposto Caixa 2 na campanha já apelidada de ibanista.

Pelo visto, quando se fala mais uma vez em amizade e generosidade, Ibaneis Rocha dá o que falar. Se considerarmos apenas uma eventual decisão de emprestar o prédio, convenientemente registrado no nome de sua ex-esposa para abrigar o comitê central de seu advogado e fiel escudeiro Cléber Lopes, mesmo assim o governador dei à mostra pano pra muita manga, onde cartas marcadas podem estar bem escondidas.

Coladinho ao Amigão, referência da boa e velha comida caseira, o prédio – esse o entendimento do grupo de Poli – parece ser o cenário ideal para uma aliança de conveniência. Tudo porque a campanha de Cléber, ali instalada, se torna, na verdade, em uma excelente oportunidade para Ibaneis garantir que a OAB de Brasília volte, digamos assim, a ser a velha aliada do Palácio do Buriti. Afinal, Cléber não apenas advoga para o governador; ele é a peça-chave para manter o jogo quente até a eventual volta triunfal de Ibaneis à atividade advocatícia.

A preocupação que Poli busca transmitir aos seus ‘colegas adversários’ para uma batalha mais aberta contra Cléber, é que, como bom pupilo, o candidato verde pode devolver todas as atenções do cliente fiel. Na melhor das hipóteses, poderia mesmo transformar a OAB-DF em uma extensão dos interesses de Ibaneis, numa relação de subserviência pouco disfarçada. Quem sabe, de lá, Cléber não aqueça o banco e ainda ajeita o palco para que Ibaneis retorne à advocacia com toda pompa e circunstância?

Parece que o Amigão não é só o restaurante ao lado – afinal, amigos assim, que oferecem prédios, influência e até o próprio futuro da Ordem dos Advogados, são mesmo raridade. O único problema nesse imbróglio é que as outras três chapas não parecem interessadas em abraçar a causa de Poli. Não temos como jogar aspas em frases, pois são falas atribuídas a fontes. O que se diz, porém, é que o abraço dos afogados será entre o atual secretário da Ordem e o cada vez mais enrolado (com Ibaneis e com a própria classe) candidato a ocupar a cadeira de Délio Lins e Silva Jr.

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