André Richter
A Polícia Federal (PF) encontrou um bloqueador de sinal telefônico e uma lista de indicações para cargos federais nas operações de busca e apreensão realizadas na semana passada na casa e no gabinete do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Os mandados foram expedidos pelo ministro Edson Fachin na Operação Patmos.
No apartamento do senador, no Rio de Janeiro, foram apreendidos um bloqueador de telefone, 15 obras de arte, diversos documentos, entre eles um papel azul com senhas, além de diversos “comprovantes de depósitos e anotações manuscritas, dentre elas a inscrição “CX 2”.
Os relatórios das apreensões da PF foram anexados hoje (26) no inquérito no qual o parlamentar é investigado no Supremo com base nas delações premiadas dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS.
De acordo com os policiais, foram apreendidas no gabinete do senador planilhas que teriam nomes de indicações para cargos federais, com referências aos partidos que fizeram as indicações e a remuneração. Uma agenda com marcações de reuniões com Joesley Batista e uma folha manuscrita com dados da empreiteira Odebrecht. Os celulares do senador também foram levados pelos policiais.
Nos depoimentos de delação premiada, Joesley Batista afirma que pagou R$ 2 milhões ao senador e que a contrapartida seria a indicação para um cargo na Vale, que não se concretizou. Os executivos afirmam também que pagaram propina ao senador durante a campanha presidencial de 2014, com a expectativa de que ele atuaria a favor da empresa posteriormente, se fosse eleito.
A Agência Brasil tentou entrar em contato a assessoria de imprensa do senador sem sucesso. Na terça-feira (23), em um vídeo publicado nas redes sociais, Aécio classificou de “injustificáveis” as operações que tiveram como alvo ele e sua família, resultando na prisão de sua irmã, Andrea Neves, e seu primo Frederico Pacheco.
“Eu reafirmo aqui, de forma definitiva: não cometi crime algum. Minha irmã Andrea não cometeu crime algum. Meu primo Frederico não cometeu crime algum. São pessoas de bem, que sofrem hoje com a injustiça das sanções que lhes foram impostas”, disse o senador.