Polícia Federal cria prêmio para agente-tartaruga trabalhar

A Polícia Federal, essa respeitável instituição que investiga, indaga e, de vez em quando, prende, parece ter descoberto que seus agentes andam mais lentos do que o sistema judiciário. Para resolver essa questão, uma solução revolucionária foi adotada: a criação de um sistema de prêmios e incentivos. Afinal, se não dá para acelerar o processo com salário digno, que tal um brindezinho?

Nos grupos de mensagens da corporação, circulam verdadeiras obras-primas do marketing institucional, anunciando recompensas dignas de reality show. Investigou um caso sem deixar a papelada empilhada na mesa por mais de um mês? Parabéns, você acaba de ganhar uma viagem a serviço! Sim, porque não há nada mais relaxante do que um deslocamento compulsório para uma missão de vigilância em meio à selva de concreto ou, quem sabe, nas areias do sertão. Mas não se enganem: a diária é contada a preço de pinga, e a hospedagem, se houver, pode ser um colchão inflável na sede da delegacia mais próxima.

Para os mais ambiciosos, há prêmios ainda mais tentadores. Que tal um carro novo para a delegacia? Sim, um veículo novinho em folha, sem vidro blindado e sem combustível, é claro, porque o orçamento não cobre tudo. Pouco importa se a viatura for para Brasília, São Paulo ou Rio de Janeiro, onde as ruas têm mais câmeras do que seguranças de shopping. E para os que atuam na fronteira, onde o crime organizado manda e desmanda, bem… talvez seja melhor mesmo manter o ritmo tartaruguesco. Afinal, prêmio nenhum compensa virar estatística.

A criatividade da Polícia Federal na tentativa de motivar seus agentes merecia, ela própria, um prêmio. Quem sabe uma medalha de ouro no campeonato mundial de soluções estapafúrdias? Ou uma menção honrosa na categoria “Como transformar um problema estrutural em um game show”? Uma coisa é certa: se continuar assim, em breve os agentes vão se inscrever no quadro de prêmios da televisão. Vai que sai um carro de verdade, com gasolina e tudo?

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Marta Nobre é Editora-Executiva de Notibras