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Polícia Federal pede mais tempo para investigar suposta propina a Renan

Ao solicitar a extensão do prazo para investigar o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a Polícia Federal (PF) afirmou, em documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), que suposta ligação de Renan com esquemas de corrupção na Transpetro ainda precisa ser melhor investigada.

“Não houve diligência a respeito, uma vez que tal caso, como pontuado antes, carece de maior direcionamento, ou seja, de elementos complementares que permitam traçar uma linha investigativa factível”, argumentou a PF. O relatório da PF, assinado pelo delegado Thiago Delabary, solicita mais 60 dias para investigar as ligações de Renan com o esquema de corrupção no âmbito da Operação Lava Jato.

O pedido de prorrogação do prazo será avaliado pelo relator da Lava Jato no Supremo, ministro Teori Zavascki e pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Renan, que prestou depoimento no final de agosto, foi citado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, delator da Lava Jato, como responsável pela permanência de Sérgio Machado na chefia da Transpetro, que teria contratos com valores “canalizados” para o esquema.

O relatório da PF diz que o fato de Machado ter comandado a Transpetro por mais de dez anos e estar à frente de muitos contratos dificulta a apuração. “Torna-se inviável encetar pesquisas às cegas abarcando as centenas de contratos firmados nesse período a fim de identificar alguma estranheza que porventura possa indicar recebimento de vantagem ilícita e seu direcionamento ao senador Renan Calheiros”, argumenta o delegado

Em seu pedido, Delabary afirma ainda que há complicações para investigar a atuação do deputado federal Anibal Gomes, supostamente em conjunto com Renan, para que a empresa Serveng Civilsan fosse contratada pela Petrobras. “Não há elementos que, por ora, permitam concluir pela obtenção de vantagem indevida em face dessa dedicação aos propósitos da empresa”, afirma o relatório.

Outros inquéritos – O senador é alvo de três inquéritos que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a suposta participação no esquema de corrupção na Petrobras. Outro inquérito é fundamentado em depoimento do doleiro Alberto Youssef, que disse saber de negociação com construtora em que o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) receberia um “pagamento de comissão”.

O deputado seria um “emissário” de Renan, segundo os investigadores. O presidente do Senado nega que o deputado fosse autorizado a atuar em seu nome e qualquer envolvimento no esquema da Petrobras. O presidente do Senado foi ainda acusado pelo lobista Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador de propinas do PMDB, como suposto beneficiário de valores ilícitos do esquema de corrupção que se instalou na estatal.

Em sua delação premiada à Procuradoria-Geral da República, Fernando Baiano, acusador do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), citou outros nomes do partido como supostos beneficiários de valores ilícitos do esquema de corrupção que se instalou na Petrobras entre 2004 e 2014.

Ele apontou Renan e Jader Barbalho (PMDB/PA). Também citou um senador do PT, Delcídio Amaral (MS), líder do governo Dilma Rousseff no Senado, e o ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau (2005/2007/Governo Lula). Segundo Baiano, os quatro políticos teriam recebido US$ 6 milhões em propinas na contratação do navio sonda Petrobras 10.000, no ano de 2006.

Baiano afirmou que, em 2010, em reunião com o deputado Eduardo Cunha citou os nomes dos três senadores e do ex-ministro como “destinatários” de valores referentes à contratação da sonda. “Que, inclusive, fez menção aos nomes dos políticos Renan Calheiros e Jader Barbalho como destinatários de parte dos valores referentes à primeira sonda”, registrou a Procuradoria, no depoimento de Baiano em 10 de setembro de 2015.

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