Polícia gaúcha bate em ato e repórteres vão para hospital
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emUm protesto convocado por movimentos sociais de Porto Alegre terminou nesta quarta-feira 18 após ação policial contra os manifestantes. Dois repórteres do Portal Terra e da Rádio Guaíba foram atingidos por estilhaços de bombas de efeito moral lançados pela polícia.
De acordo com a assessoria de comunicação do Comitê Gestor da Copa do Governo do Rio Grande do Sul, os dois receberam atendimento médico no local e depois no Hospital de Pronto-Socorro, mas já foram liberados.
A Secretaria de Segurança Pública do governo do Rio Grande do Sul informou que a polícia acompanhou a movimentação até o limite de uma faixa que havia sido colocada pelas forças de segurança para demarcar o limite da manifestação. Após a faixa, estava a Brigada Militar.
A secretaria disse que esse limite foi rapidamente ultrapassado por manifestantes, que romperam a fita e avançaram em direção à tropa. “Para contê-los, foram lançadas quatro granadas de efeito moral pela Brigada Militar. Não foram usadas bombas de gás lacrimogênio para não atingir um número maior de pessoas que estavam nas proximidades”, diz a nota.
Quando os manifestantes passaram da faixa, a brigada reagiu lançando bombas de efeito moral. Ainda de acordo com a secretaria, a área não faz parte da zona de restrição da Federação Internacional de Futebol (Fifa) e não houve diálogo prévio com os ativistas acerca dos limites estabelecidos.
A ação de dispersão ocorreu apesar das forças de segurança não terem registrado nenhuma depredação ou qualquer ação dos manifestantes que possa ser considerada crime.
A concentração para o ato teve início às 12h, na região central da cidade. O grupo fechou uma avenida e tentou marchar em direção ao estádio Beira-Rio, onde foi disputada hoje a partida entre Austrália e Holanda. De acordo com Katia Marko, integrante do Comitê Popular da Copa de Porto Alegre, os ativistas foram impedidos de continuar o trajeto pela Brigada Militar, permanecendo cercados em uma praça por cerca de uma hora. Uma negociação entre policiais e os cerca de 150 participantes do ato possibilitou que os ativistas saíssem do local, segundo Katia. A ação da polícia foi criticada pelos organizadores do ato. “É um aparato repressivo muito grande”, afirmou.
Integrante do Bloco de Lutas, articulação que liderou as principais manifestações contra o aumento da tarifa de transporte público em Porto Alegre em 2013, Cláudia Favoro disse que “o aparato repressor que a gente viu hoje eu nunca tinha visto na história. Nosso objetivo não é enfrentar a polícia, é conseguir fazer a denúncia e dialogar com a população para entender um pouco o que está ocorrendo no país”.
Favoro apontou a violência policial e a remoção de famílias por causa de obras da Copa do Mundo como duas das principais críticas feitas pelos movimentos sociais à organização do Mundial. “Na Vila Dique, comunidade que remanesceu da duplicação da pista do aeroporto, cerca de 600 pessoas permanecem sem nenhum serviço público”, afirmou. De acordo com Favoro, que é arquiteta, a duplicação da via estava prevista na Matriz de Responsabilidade da Copa, mas teve que ser paralisada após estudo geológico apontar a inviabilidade da obra. Cerca de 200 pessoas removidas desde 2009 foram reassentadas a cerca de 30 quilômetros da comunidade, enquanto parte permanece no local.
Apesar do confronto, as duas organizadoras do ato disseram que os movimentos continuarão saindo às ruas para protestar. O próximo ato está marcado para a segunda-feira, 23, dia de jogo da Seleção Brasileira com Camarões, no estádio Mané Garrincha, em Brasília. No último dia 12, outro protesto em Porto Alegre terminou com conflito entre policiais e manifestantes.