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Polícia inicia processo de ocupação de favelas da Maré

Começou na madrugada desta quarta-feira (1º)a substituição dos cerca de três mil 330 homens da Marinha e do Exército que ocupam o Conjunto de Favelas da Maré pela Polícia Militar. O processo de transição será feito em três etapas. Segundo a polícia, as comunidades da Praia de Ramos e Roquette Pinto serão as primeiras a receberem os policiais. Até o momento, não houve prisões ou apreensões.

 

“De fato a gente inicia hoje [quarta-feira] essa transição e sabemos do desafio que temos pela frente, estamos preparados e prontos para isso. Sabemos das dificuldades que teremos, mas não há recuo. Sabemos da clareza do processo de pacificação. São 140 mil moradores em 16 comunidades. Temos a noção do tamanho do desafio, mas temos que mostrar a nossa determinação”, disse. O relações públicas da Polícia Militar, coronel Frederico Caldas, afirmou que a ocupação da comunidade é um desafio grande, mas disse que a corporação está otimista.

Ainda de acordo com Caldas, o efetivo de 117 homens previsto para a Praia de Ramos e Roquete Pinto só estará completo quando a base da UPP local estiver construída — o que deve acontecer dentro de 60 dias.

Serão criadas quatro bases da UPP da Maré, ainda de acordo com o coronel. A primeira será instalada na Praia da Ramos/ Roquette Pinto; segunda nas comunidades de Nova Holanda/ Parque União; outra responsável pela Baixa do Sapateiro/ Timbau; a última na Vila do João/ Vila dos Pinheiros. A próxima etapa de transição entre Força de Pacificação e Polícia Militar será no dia 1º de maio nas comunidades de Nova Holanda, Parque União, Parque Rubens Vaz e Nova Maré.

Caldas também estabeleceu data para a substituição total do exército. “Até o dia 30 de junho a pacificação da área estará concluída. O planejamento previsto para a Maré é de 1.620 homens, mas esse número pode ser mudado de acordo com as necessidades da região”, explicou. O relações públicas afirmou que a expectativa da ocupação da Maré é mais tranquila – embora na região existam três facções criminosos e uma milícia – do que a do Alemão, já que se trata de um território basicamente plano. E voltou a falar que não haverá recuo da política da pacificação.

“Existe um clima de pessimismo em relação a pacificação. Se der errado, vai todo mundo para o buraco. Vai para o buraco a polícia, a sociedade, vai todo mundo”, disse.  Na avaliação da PM o grande número de balas perdidas registradas este ano é resultado do grande número de armas que estão nas ruas nas mãos de criminosos — pelo cálculo da corporação, nos últimos 100 dias, cerca de 100 fuzis foram apreendidos.

O cinturão de segurança nos acessos às favelas  Praia de Ramos e Roquete Pinto começou às 20h de terça-feira (31). A estratégia de a transição começar por essas duas favelas é parte do planejamento da Secretaria de Estado de Segurança Pública para pacificar o território formado por 16 comunidades. O procedimento foi estabelecido conforme protocolo de cooperação assinado no dia 7 de janeiro entre o governo federal, o Ministério da Defesa e o governo do estado.
A partir da meia-noite, equipes do Batalhão de Choque começaram apatrulhar a região. Efetivos do Grupamento Tático e de  Motociclistas (Getem) estavam planejados para iniciar às 6h as ações nas duas comunidades.

Caldas destacou a importância do trabalho do Exército nessses três anos de ocupação da Maré. De acordo com o relações públicas da PM, os militares fizeram um grande trabalho de levantamento e mapeamento da região, estabelecendo pontos de ocupação estratégicos que merecem uma atenção especial do patrulhamento. São eles: Avenida Brasil, Linha Vermelha, Linha Amarela, Baía de Guanabara e parte do bairro vizinho do Caju, na Zona Portuária.

“A Maré é estratégica. Ela tem ligações com a baía e com as principais vias de acesso da cidade. O Exército ajudou a PM a mapear esses pontos de grande movimentação de pessoas e de entrada e saída de armas e drogas nas comunidades. Vamos intensificar a fiscalização nesses pontos mais vulneráveis”, disse o coronel, destacando que nesta quarta-feira lanchas da PM já começaram a fazer uma varredura por aquela região da baía.

Nos próximos dias, as ações de varredura na Praia de Ramos e na Roquete Pinto vão passar a contar com o apoio também do Batalhão de Ações com Cães (BAC).

De acordo com o Chefe de Operações Conjuntas do Ministério da Defesa, almirante Ademir Sobrinho, o atual efetivo empregado na Operação São Francisco, como foi chamada a ocupação da Força de Pacificação, será reduzido em um quarto até o final de abril.

Outras etapas
A partir de 1º de maio, as comunidades de Parque União, Parque Rubens Vaz, Nova Holanda e Parque Maré serão desocupadas pela Força de Pacificação. As demais localidades serão devolvidas ao controle das autoridades fluminenses até o dia 30 de junho, data oficial de encerramento da operação

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