Polícia joga duro e prende advogados em manifestação
Publicado
emDois profissionais do coletivo Advogados Ativistas foram presos na noite desta terça-feira durante protesto na praça Roosevelt, no centro de São Paulo, contra a prisão de dois manifestantes em ato contra a Copa no último dia 23.
De acordo com o advogado André Zanardo, integrante do coletivo, os advogados Daniel Biral e Silvia Dascal foram detidos depois de um desentendimento com um policial militar. Segundo Zanardo, o PM teria perguntado quem era Biral, que respondeu ser advogado ativista e, na sequência, questionou o policial sobre a ausência de identificação por nome –muitos PMs têm usado apenas números de identificação em protestos.
“O policial se exaltou e pegou o Daniel pelo colarinho. Depois os dois foram levados. A OAB precisa tomar providências. O advogado não pode ser detido no exercício de sua profissão. Estávamos em um momento pacífico, que não exigia sequer a presença da polícia”, disse Zanardo.
Como aconteceu nos protestos anteriores, a PM está presente de forma ostensiva no local, com Tropa de Choque e Cavalaria. Antes do início do debate, dois PMs que filmavam os manifestantes e estavam em frente à mesa onde fica o microfone foram expulsos pelos participantes.
No momento das detenções, o ato contra as prisões dos manifestantes seguia com um debate sobre a repressão policial. Já haviam discursado, por exemplo, o padre Julio Lancellotti e o juiz Jorge Souto Maior. “Eu vi o Fábio (Hideki Harano) ser preso de maneira covarde, sem nenhuma prova nem nada na mochila”, disse o padre ao microfone sobre a detenção do estudante e servidor da USP.
Além das prisões, houve confusão quando policiais revistaram um artesão que passava pelo local. Durante o tumulto, policiais dispararam bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes e jornalistas.
O artesão acabou liberado, mas a repressão da PM provocou correria, e ao menos outras quatro pessoas foram presas, segundo o coletivo Observadores Legais. A causa das prisões, no entanto, não foi informada. Durante as detenções, policiais dispersaram manifestantes e jornalistas usando spray de pimenta.