Polícia usa a força e reintegração de posse tem confronto generalizado
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emPoliciais militares e moradores que ocuparam um conjunto habitacional na zona leste de São Paulo entraram em confronto na manhã desta quinta-feira. De acordo com a PM, o processo de reintegração de posse do Residencial Caraguatatuba, localizado na rua Domingo Rubino, em Itaquera, foi iniciado na última terça-feira. Após dois dias de negociação, a ordem passada aos policiais no local é para que as famílias sejam retiradas à força.
De acordo com a operadora de telemarketing Patrícia de Jesus, 33 anos, a polícia entrou no residencial “ameaçando um massacre”. “Meus documentos estão todos lá; o pouco que eu tenho estou perdendo. Por um milagre consegui retirar meus quatro filhos, tenho amigos feridos e existem gestantes lá dentro”, disse.
Outro morador do residencial, que se identificou apenas como Elias, disse que há “pelo menos 3 mil crianças no lugar onde estão jogando bombas”.
“Eles não querem nem saber. As crianças estão acuadas lá dentro”, disse Elias. O processo de reintegração de posse fez com que os moradores do bairro ficassem em casa e os donos dos comércios baixassem as portas.
Manifestantes montaram barricadas nas ruas do entorno do conjunto, dificultando a passagem da Polícia Militar. Homens do Corpo de Bombeiros trabalham no combate às chamas dos obstáculos montados pelos moradores e equipes de, pelo menos, dois helicópteros do Grupamento Águia da Polícia Militar auxiliam com apoio aéreo na área.
Segundo informações, cerca de 940 famílias ocuparam os 47 prédios do local, pertencentes ao programa Minha Casa, Minha Vida, da Caixa Econômica Federal.
O conjunto habitacional foi ocupado no dia 25 de julho do ano passado e, segundo decisão da 13ª Vara Cível da Justiça Federal em São Paulo, expedida em agosto do ano passado, o terreno deve ser devolvido à Caixa.
A tentativa de reintegração de posse desta quinta é a terceira feita pela PM nesta semana. Não há informações sobre feridos ou detidos no local.
Na manhã desta quinta, a Caixa divulgou uma nota oficial dizendo que o residencial faz parte da faixa 1 do programa federal, destinado às famílias com renda de até R$ 1,6 mil. A obra já está concluída e aguarda a resolução do imbróglio judicial para ser entregue aos beneficiados.
“A Caixa esclarece que não negocia com invasores e busca sempre preservar o direito dos reais beneficiários que foram devidamente selecionados pelo Município de acordo com a regras do Programa Minha Casa, Minha Vida. Importante salientar que as famílias que invadiram o empreendimento foram comunicadas sobre a reintegração no mês de setembro/2013, por meio do oficial de Justiça, bem como pela Polícia Militar, que distribuiu panfletos no local, durante os meses de Dezembro/13 e Janeiro/14, avisando sobre a reintegração”, comunicou a Caixa.