Não bastassem os professores da rede estadual terem iniciado greve na terca-feira, agora são os policiais civis do estado que anunciam greve, para complicar a situação do governador Luiz Fernando Pezão, que enfrenta uma escalada da violência em todo o estado do Rio de Janeiro, além do fim da farsa da pacificação pelas UPPs. Os agentes da Polícia Civil reclamam do abismo salarial entre os policiais e delegados e exigem a incorporação ao salário de uma gratificação de R$ 850.
O valor integra o programa Delegacia Legal, de modernização das delegacias. No último dia 6, a categoria estabeleceu um prazo: se Pezão não apresentar o projeto de incorporação na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) até o dia 15, os agentes farão uma assembleia para votar a possibilidade de greve.
Atualmente, perdem a gratificação policiais grávidas, baleados em dias de folga, aqueles que estão de licença ou férias e os aposentados. “Uma policial que engravida perde a gratificação e precisa recorrer à Justiça para não ter o salário diminuído. Isso é cruel”, disse o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio de Janeiro (Sindpol), Francisco Chao.
O governo está pressionado por outra categoria: policiais militares articulam, caso a Polícia Civil obtenha a incorporação, um movimento de greve para também cobrar aumento salarial.
A julgar pela opinião dos cerca de mil policiais que participaram da assembleia realizada no último dia 6, no Clube Municipal, na Tijuca, sem a incorporação da gratificação o risco de paralização é elevado. Uma greve a poucos dias da Copa do Mundo – quando são previstas manifestações e confrontos nas ruas – é uma ameaça capaz de comprometer o governo de Pezão, pré-candidato ao governo do Rio.
Em dezembro, o governador Sérgio Cabral se comprometeu a incorporar a gratificação Delegacia Legal durante reunião com o sindicato, no Palácio Guanabara. Pezão, assim que assumiu o governo, afirmou que atenderia a reivindicação e pediu que a categoria esperasse até o dia 15 de maio.
De acordo com o Sindpol, o salário inicial bruto de um agente é de cerca de R$4.500, incluindo a gratificação Delegacia Legal. Com os descontos, o valor líquido cai para R$ 3.500 mil. O ganho de um delegado no início da carreira, segundo planilha do Sindpol, é de R$ 15.000.
A reivindicação de incorporação da gratificação tem o apoio dos delegados. Em 28 de abril, o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado do Rio de Janeiro entregou uma Moção de Apoio assinado por 365 delegados no Palácio Guanabara.
No texto, os delegados narram as dificuldades enfrentadas pelos agentes e afirmam que a remuneração insuficiente causa estresse e necessidade de busca de complementos de renda que causam “cansaço exacerbado capaz de prejudicar os reflexos e raciocínio”. No documento, os delegados afirmam ainda que fazem “coro com as manifestações” dos agentes e dizem que a causa salariam dos policiais deve ser prioritária na instituição.