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Policiais do Bope são acusados de estupro na Favela da Rocinha em plena manhã de Natal

A selvageria parece não ter limites. Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) estão sendo acusados de violentar uma moradora da Rocinha em plena manhã de Natal. De acordo com a vítima, o requinte de perversidade foi tanto a ponto de os próprios PMs filmarem o crime com celulares.

A mulher, de 28 anos, 48 quilos e 1,55 m, contou ao DIA que foi agarrada pelos cabelos por dois policiais da tropa de elite da PM, levada para um beco na favela e estuprada.

O crime, segundo ela, aconteceu no Beco do Seu Miro. “Eu voltava sozinha de uma festa. Havia um cadáver no caminho de casa e quatro policiais tomando conta. Eles mandaram que eu entrasse no Beco, porque não podia passar pelo local do crime antes de a perícia chegar”.

Assim que entrou no local, ela foi agarrada com violência. “Eu usava uma roupa folgada, um macaquinho azul. Eles me encostaram na parede, afastaram minha roupa e me estupraram de pé”, contou a vítima, entre lágrimas. Os policiais se revezaram no estupro e quando ela esboçava reação, era agredida com chutes e cotoveladas. “Eles falavam que não adiantava gritar porque ninguém viria me socorrer, e que já iam terminar”.

Depois de consumado o estupro, a vítima foi pedir providências aos outros dois policiais que davam cobertura aos maníacos sexuais, mas acabou sendo ameaçada por eles. No dia 26, ela decidiu dar queixa na 11ª DP (Rocinha). O delegado Bruno Reis encaminhou a jovem para exame de corpo de delito, cujo laudo preliminar confirmou as agressões sofridas.

Na delegacia, a vítima reconheceu, através do álbum de fotos, os dois policiais que não impediram os colegas de cometerem o estupro. Ela disse que está aguardando ser chamada à DP para tentar identificar os estupradores. “Minha vida virou de pernas pro ar. Não consigo mais dormir, comer. Estou com muito medo.” O Bope confirmou que esteve na Rocinha, mas não teve conhecimento da denúncia.

Para líder, PM extrapolou ‘os limites’
O líder comunitário da Rocinha, William de Oliveira, se disse enojado com o crime. “Os PMs extrapolaram todos os limites”, protestou ele.

O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj, Marcelo Freixo (PSOL) já acionou a Anistia Internacional e agora vai cobrar uma resposta à Corregedoria da Polícia Militar.

“É a coisificação da pobreza. Certos policiais se acham donos dos destinos e, consequentemente, dos corpos das pessoas pobres”, lamentou Freixo.

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