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Santana e o bêbado

Policial usa bafômetro, prende motorista e manda que ele dirija à delegacia

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Autor/Imagem:
Eduardo Martínez - Foto Produção Irene Araújo

O Santana, só para variar, andava com o costumeiro mau humor. De tão emburrado, os colegas da delegacia afirmavam, e sem qualquer resquício de dúvida, que o mais preguiçoso policial não largaria a notória rabugice nem se estivesse sonhando que tomava um sorvete de morango numa praia paradisíaca.

E lá estava o taciturno com todo aquele azedume em mais um plantão numa das mais movimentadas delegacias da cidade. Sem papas na língua, Santana já havia despachado duas velhinhas que foram registrar extravio de documentos. O policial, logo em seguida, levantou o traseiro gordo da cadeira e disse que faria uma ronda na região. Que nada! O glutão foi filar um sanduíche na padaria da esquina.

De barriga cheia depois de devorar não um, mas três mistos-quentes, duas coxinhas e meio litro de refrigerante, Santana, já na calçada, avistou um homem sentado no meio-fio. Ao lado, uma garrafa de cachaça pela metade. Era nítida a embriaguez do sujeito, tanto é que o policial se aproximou e quis enquadrá-lo.

— Cidadão, pelo visto, o senhor está alcoolizado.

— E por acaso é proibido beber, seu policial?

— Hum… Depende.

— Depende do quê?

— Esse carro estacionado é seu?

— Sim.

O Santana foi até a viatura, pegou o bafômetro e retornou.

— Assopra aqui.

O homem obedeceu e, depois de assoprar, ouviu algo que o deixou boquiaberto.

— O senhor está bêbado e, por consequência, tenho que prendê-lo por embriaguez ao volante. Então, entre no seu carro e me acompanhe até a delegacia.

O agora preso novamente obedeceu ao comando do policial e, então, dirigiu seu veículo até a delegacia. Após estacionar o carro, o homem foi algemado e conduzido até o delegado Rafael Miranda. No entanto, assim que soube da história, a autoridade berrou com o seu subordinado.

— Santana, que lambança é essa? Então, quer dizer que você mandou o sujeito embriagado entrar no veículo e dirigi-lo até aqui?

O delegado, então, pediu desculpas ao homem pela atitude do policial e o mandou ligar para alguém ir buscá-lo na delegacia. Não havia flagrante para ser registrado, a não ser a flagrante falta de noção do Santana, que passou o resto do plantão com a cara fechada.

*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.

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