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Engenharia do xadrez

Política de Brasília sempre ecoa para todo o Brasil

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Autor/Imagem:
João Moura*, Especial para Notibras - Foto de Arquivo

As peças de xadrez do jogo de poder na política vão se instalando aos poucos e tudo precisa ser bem montado para que o xeque-mate seja não menos mortal, mas muito engenhoso.

Muitos deputados palacianos que frequentam o Buriti – sede do poder no DF – não estão a fim de dar mole à presidência da Câmara Legislativa para os que ambicionam sentar-se na cadeira em 2023. As estratégias estão sendo montadas e armadas, para que o governador Ibaneis Rocha não seja degolado antes de 2026.

O cargo é estratégico. Que o diga Rafael Prudente (MDB) deputado distrital eleito para a Câmara Federal, e que tem a intenção de ser candidato a governador em 2026. Prudente, Rafael pensa estar no governo Ibaneis com uma super Secretaria que pudesse alçá-lo ao posto já de agora.

Mas, como deputado federal, provavelmente será anônimo na extensa planície que é sua nova morada política – a Câmara Federal. A empreitada, portanto, será difícil. Um deputado federal tem pouquíssimos olhares do Palácio do Buriti. Muito menos, aliás, do que os senadores.

O ocupante do Palácio do Buriti gosta mesmo é dos deputados distritais, que votam todas as questões (pautas e leis) que o GDF encaminha para aquela Casa do Povo, mas que às vezes escorrega e se torna um puxadinho irregular de palacianos gananciosos.

Sendo assim, é provável que a cadeira de presidente da Câmara Legislativa fique mesmo é com o partido de Ibaneis, o MDB; e nas mãos do distrital Iolando – que tem sua base política em Brazlândia e está muito próximo de Rafael Prudente e do próprio governador.

Porém, como Iolando, por seu últimos gestos, está desidratando sua candidatura, é mais certo que a cadeira seja ocupada por outro emedebista que costura com palacianos e corre por dentro nesse páreo como pule de 10. Trata-se de Wellington Luiz – ex-secretário de Ibaneis na gestão anterior e conhecedor, também, do jogo político dentro da CLDF. Jogo iniciado, cartas na mesa (e na manga) podem definir o vencedor. Faltando somente a “bala de prata” que cada um tiver para disparar no duelo final.

Esses são alguns dos ecos políticos de Brasília, a cidade que mesmo sendo bolsonarista raiz (elegeu uma estrangeira senadora e reelegeu uma deputada federal com a maior votação da cidade), não terá referência com o capitão PR que deixa o Planalto no dia 31 e entrega o país para mais um mandato do petista Luíz Inácio Lula da Silva, eleito pela terceira vez para governar o Brasil.

Amarelos e Vermelhos à parte, Ibaneis pretende correr na faixa azul. Mesmo tendo feito uma campanha de reeleição alinhada com Bolsonaro e tendo o Centrão na sua base de apoio, o governador emedebista já conversa com a equipe de transição de Luiz Inácio para que a posse ocorra na maior paz possível e na mais absoluta segurança para a população e visitantes em caravanas que viram para a festa da posse.

Tudo isso é uma prova de que o governador Ibaneis Rocha está também alinhado com o novo PR eleito e tem amigos bem próximos ao futuro governo e ao próprio Lula. Mesmo porque, ser governador de uma entidade federativa onde a sede do poder federal está instalada, é um privilégio de poucos.

Affair político de lado, antes, porém, Ibaneis terá algumas jogadas a fazer até o dia da posse de seu 2º mandato como governador do DF: o Republicanos, com seus três deputados federais, um senador e um deputado distrital, eleitos, sempre esteve próximo do Buriti. E fazer parte do time político principal da Capital do País é uma tradição dos mandatários republicanos, que na maioria são evangélicos, e não escondem sua vontade de mandar, não só nos tabernáculos da cidade, como também nos espaços de poder da República.

O partido é ligado à Igreja Universal e costuma indicar nomes ao governo do DF e, geralmente, são os candidatos que não tiveram sucesso nas suas bases religiosas. No governo Ibaneis Rocha, os Republicanos esperam ocupar seu espaço na nova composição, já que não terão o guarda-chuva político bolsonarista no Executivo Federal.

Um republicano a ser acomodado, sem dúvidas, é o distrital Rodrigo Delmasso, que não conseguiu a reeleição, apesar de ter alcançado mais de 20 mil votos nas últimas eleições. A secretaria de esportes do GDF é uma das pastas que pode ser ocupada por Delmasso – ou por alguém que os republicanos indicarem, caso a vice-governadora eleita, Celina Leão (PP), abra mão de continuar comandando a Secretaria, como vinha fazendo na primeira gestão de Ibaneis Rocha.

Para além do DF, a política de Brasília analisa e debate a Proposta de Emenda à Constituição (PEC 32/2022), conhecida como PEC da Transição. A medida propõe garantir ao próximo governo Lula R$ 198 bilhões fora do teto de gastos por prazo de quatro anos. Esses recursos permitirão a continuidade do pagamento de R$ 600 do atual que voltará a ser o Bolsa Família, mais uma parcela extra de R$ 150 para cada criança abaixo de seis anos.

É minha gente, o Brasil não pode parar. Passe depois por aqui para saber de novos ecos que fazem a política de Brasília ecoar por todo o país.

*João Moura é professor, filósofo estoico e articulista (capital e labor) no mundo moderno.

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