Notibras

Politicagem ou moral? Novo lance contra grilagem

Nair Assad

Está declarada a guerra pelo poder político no Altiplano Leste. As armas por enquanto são as palavras. De um lado, chacareiros e condôminos fiéis à uma política habitacional justa. De outro, supostos grileiros e gente que caiu de paraquedas e não sabe como se situar nessa contenda. No momento está em jogo o comando do Conseg – o Conselho de Segurança que promete paz e harmonia para a região.

Autointitulado presidente do órgão que ainda está no papel no Altiplano Leste, o advogado Evaristo Orlando Leite Soldaini vê manobras espúrias de quem se opõe ao nome dele. O outro lado responde. “Usam métodos fraudulentos para se apoderar, no futuro, de terras alheias”, reage Cristina Mendonça de Alencar Mattos.

Evaristo é candango novo. Chegou a Brasília há pouco mais de três anos. Nega envolvimento com a grilagem (uma espécie de mina de ouro cravejada de diamantes que se espalha pelo Altiplano), e procura desvincular sua imagem do ex-deputado Pedro Passos, citado em dezenas de processos de venda de terras ilegais no Distrito Federal.

Já Cristina, síndica do condomínio Estância Quintas da Alvorada, é brasiliense de corpo e alma. Lutou com garras e dentes, como tantos outros condôminos e chacareiros do Altiplano, pelo que lhes pertence. Ela não mede palavras para atacar aqueles que, segundo afirma, usam de métodos espúrios para alcançar seus objetivos.

– Eles (o outro lado, identificado como pessoas que usam de má fé), tentaram uma vez (comandar o Conseg) em novembro do ano passado, mas conseguimos barrar. Se o objetivo do grupo fosse apenas lutar por mais segurança e representar a comunidade, eles naturalmente teriam mudado a estratégia. É lamentável constatar que repetem agora os mesmos métodos fraudulentos e antidemocráticos, acusa Cristina, avalizada por milhares de condôminos e chacareiros.

A síndica vai mais além. Ela sustenta que a sociedade cobra cada vez mais ética e transparência no trato da coisa pública. “Portanto – denuncia –, não podemos aceitar que um grupo, sem nenhum compromisso com a nossa região, tente burlar as regras e impor uma vontade sem aval nem consulta de toda a comunidade”.

Os novos lances dessa batalha para saber quem manda no Altiplano vieram à tona na segunda, 6, quando reportagem de Notibras apontou que a terra, ali, é de ninguém. A lei não impera. Ganha quem elevar mais alto o tom da voz.

Como advogado, Evaristo procura usar essa arma tão comum nos tribunais. Apontado como suposto testa-de-ferro de Pedro Passos, e mesmo não tendo sido citado, anteriormente, por Notibras, ele nega vínculos com o ex-deputado, a quem se atribui manobras para transformar o Altiplano num inferno.

Evaristo sustenta que foi eleito presidente do Conseg do Altiplano em um pleito legítimo. “A eleição ocorreu na mais ampla lisura, tendo sido dado ampla publicidade. Só para se ter uma ideia, na reunião compareceu cerca de 60/70 pessoas dos mais variados condomínios”, pontuou o advogado em correspondência à nossa Direção de Redação. Ele omitiu, porém, que o universo populacional gira em torno de 25 mil pessoas. Ou seja, 60 ou 70, não seria lá tanta representatividade.

– Infelizmente os chacareiros estão sendo usados para fins extremamente eleitoreiros, haja vista que o responsável do Conseg do Jardim Botânico, (que responde, ao lado do Conseg do Paranoá, pela segurança da região) é contra a criação do Conselho do Altiplano Leste/São Bartolomeu, denuncia Evaristo.

Os oponentes do advogado Evaristo Soldaini não levam o suposto presidente de um Conseg inexistente muito a sério. É como lembra Cristina Mattos. A fraude – seja por poder, seja por ocupação de terras – campeia. Como no condomínio Minichácaras. Trata-se de uma área irregular, onde, coincidentemente, Evaristo tem um lote.

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