Zé Gota esculachado
Ponta do iceberg indica um Bolsonaro morto por hipotermia
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emO despreparo de Jair Messias e do clã Bolsonaro para a coisa pública não se limitou aos quatro anos de um governo fracassado e abarrotado de contradições. Em meio ao furacão gerado pela fraude em seu cartão de vacina, o ex-presidente se achou na obrigação de participar de um evento do Partido das Lágrimas (PL) e se colocar como “alternativa” para a política nacional. Parece brincadeira, mas é sério. Ignorando a repercussão negativa do gesto fraudulento, o “nobre” cidadão é opção para que mesmo? Para mais um retrocesso de 40 anos? Quem sabe para mais uma tentativa de juntar os cacos e voltar a pensar em levar o poder na mão grande. Absurdo dos absurdos, mas normal para quem um dia achou que realmente era um mito de primeira grandeza.
Não foi e jamais será. Aliás, recomendo um psiquiatra urgentemente caso persistam os sintomas de reizinho. Não pode ser normal alguém que, sujeito direto de todos os males do país, insiste em conjugar os verbos ser e querer no presente do indicativo. E, depois de tudo, não quer esculacho, conforme recomendação do deputado Eduardo Bolsonaro, o 03. Meu caro parlamentar, não quer esculacho, não esculache. Simples assim. Além da ignorância, o pior dos defeitos do ser humano é não reconhecer seus erros. Nem os do pai. Eduardo questionou a ação da Polícia Federal contra Jair, sugerindo que havia outros meios de pedir informações sobre os dados de vacinação do ex-mandatário. Quais, cara pálida?
Por que a família não questionou quando a mesma PF prendeu Luiz Inácio? E por que não convocaram a PF para prender um presidente da República que negou a Covid até o fim do mandato? Definitivamente, pimenta no fiofó dos outros é refresco. Por diversas vezes, o clã usou a PF em benefício pessoal e agora, como ela age contra, não presta mais. É aquela velha história de que o sábio pode mudar de opinião. O ignorante, nunca. Apenas como ilustração, sábio é aquele que conhece os limites da própia ignorância. Em outras palavras, é demais querer comparar Jesus a Judas. O esculacho, portanto, nada mais é do que o efeito colateral do mal causado por um pseudo tubarão que, ao longo do mandato, incitou um cardume de piranhas para atacar, sem dó e nem piedade, lambaris indefesos, caso dos brasileiros que respiram democracia e ordem.
Ditado bom é ditado que a gente nunca esquece. Por exemplo, o bom político não é aquele que vence nas urnas, mas o que atende às necessidades de seu povo. Em se tratando de um governo que defendia valores ultraconservadores e se arvorara a parecer temente a Deus e aos conceitos inexpugnáveis da família, a turba que comandou o país nesses últimos quatro anos está mais para bando do que para equipe. Com propostas e ações medievais, a malta acabou transportando o Brasil para um atoleiro de, no mínimo 40 anos, ou seja, quatro vezes mais do que mandato para a qual foi eleita. Reclamam do esculacho, mas esquecem que foram eles quem mais esculacharam a nação interna e externamente.
E se fosse o contrário? São os equívocos do ser humano que acha sempre o erro dos outros, mas não reconhece suas falhas. É o caso do Zé Gota, que nada tem a ver com o Zé Gotinha, aquele que servia como um amigo para encorajar crianças na hora da picadinha da vacina. O Zé virou meme de uma fraude amadora em um cartão vacinal. Esculacho ou não, ele (o Zé) ficará marcado pela pajelança com Cloroquinas e Ivermectinas no combate à Covid. É triste, mas, quando perdemos a honra em favor da ambição, só nos resta o abismo dos fracassados. Sobre Jesus e Judas, prefiro a reprovação de um gênio do que o louvor de um idiota.
*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978