Não foi um domingo como outro qualquer na região que liga o Maranhão e o Tocantins. A ponte sobre o rio Tocantins, que há décadas simbolizava a conexão entre estados e pessoas, tornou-se palco de uma tragédia que escancarou a negligência com a infraestrutura do país. Sem aviso, ela cedeu. A estrutura, antes desgastada pelo tempo e ignorada pelos responsáveis, transformou-se em escombros e causou a morte de inocentes.
Não foi um desastre natural. Não houve tempestades ou terremotos que justificassem o colapso. Foi o descaso. Durante anos, moradores e especialistas alertaram sobre o estado crítico da ponte. Buracos, ferragens expostas, rachaduras evidentes – sinais de que o tempo cobrava seu preço. E, ainda assim, o silêncio das autoridades ecoava mais alto que os gritos de socorro da população.
Manutenção é um conceito que parece não encontrar espaço nos orçamentos públicos. Investir em consertos e inspeções parece menos atraente do que inaugurar novas obras. Uma ponte nova rende manchetes, discursos e votos. Já a manutenção de uma antiga, apesar de salvar vidas, é invisível e silenciosa.
As vidas perdidas no desabamento não podem ser quantificadas em números ou medidas financeiras. São histórias interrompidas, famílias desfeitas, sonhos que nunca se realizarão. Cada um que caiu com aquela ponte é um lembrete cruel de que a negligência tem um preço alto demais.
E agora? Após a tragédia, surgem as promessas. “Vamos investigar.” “Não pouparemos esforços.” “Os culpados serão responsabilizados.” Palavras que soam ocas, repetidas em tantas tragédias anteriores. O ciclo se renova: indignação momentânea, comoção pública e, depois, esquecimento.
Mas esquecer não é uma opção. O desmoronamento da ponte é um símbolo de um problema muito maior que atravessa o país: a negligência com vidas humanas. É hora de exigir mais do que promessas. É hora de cobrar ações concretas, de fiscalizar, de lembrar que manutenção é investimento em segurança e dignidade.
Se nada mudar, outras pontes cairão. Outras vidas serão perdidas. E o descaso continuará matando. Que esta tragédia não seja apenas mais uma nas estatísticas, mas um marco para que o Brasil finalmente comece a cuidar de suas estruturas – e de suas pessoas.