Lula 3
Popularidade em queda, nomeações de consolação e País à deriva
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Os números da pesquisa Genial/Quaest deixam claro: o governo Lula está em crise. A popularidade do presidente vem despencando, sua política econômica não inspira confiança, e as expectativas para o futuro são, no mínimo, sombrias. Diante desse cenário desastroso, o Planalto optou por um movimento político de curto alcance e longo desgaste: nomear Gleisi Hoffmann como ministra da Secretaria de Relações Institucionais. A pergunta que paira no ar é simples: essa escolha serve ao Brasil ou apenas ao próprio PT?
A resposta, para quem observa sem lentes ideológicas, é óbvia. A nomeação de Gleisi não tem qualquer relação com o fortalecimento da governabilidade de Lula. Pelo contrário, trata-se de um gesto desesperado para acalmar as tensões dentro do próprio partido, que vinha dando sinais claros de insatisfação com os rumos do governo. Enquanto isso, a chamada “ampla base de sustentação” – formada por siglas que vão do centrão à esquerda menos radical – foi solenemente ignorada.
Entre os inúmeros dados preocupantes da pesquisa, chama atenção o pessimismo da população em relação à economia. A percepção de que o país caminha na direção errada é crescente, e a possibilidade de uma recessão em 2025 já não é vista como um delírio catastrofista, mas sim como uma previsão realista. O próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não escapa da derrocada: sua gestão econômica está longe de inspirar confiança, e sua força dentro do governo é vista como declinante.
Se Lula realmente acreditasse em seu discurso de diálogo e reconstrução nacional, teria buscado um nome capaz de costurar apoios e apaziguar os ânimos no Congresso. Em vez disso, optou por uma líder partidária de linha dura, rejeitada por boa parte dos aliados. A mensagem que o presidente passa com essa nomeação é clara: o PT fala mais alto que o Brasil.
A escolha de Gleisi reflete não apenas uma tentativa de acalmar o fogo interno do PT, mas também uma aposta na politização do que deveria ser técnica e articulação política. Gleisi tem um histórico de embates inflamados e postura inflexível, o que coloca em xeque a já complicada relação do governo com o Congresso. Como se não bastasse, seu nome está longe de ser um consenso até mesmo entre os aliados. O próprio mercado reage mal a qualquer sinal de que o governo pretende dobrar a aposta na retórica ideológica em vez de buscar equilíbrio e pragmatismo.
O erro estratégico se torna ainda mais gritante quando se observa o descolamento crescente entre Lula e a sociedade. A pesquisa mostra que o brasileiro não vê melhora na sua vida sob o atual governo, não acredita que o país está no caminho certo e teme pelo futuro econômico. Diante desse cenário, a decisão de investir em um nome que reforça a imagem de um governo fechado em si mesmo, isolado e refém de seus próprios dilemas internos, beira a autossabotagem.
Ao ignorar aliados que foram fundamentais para sua eleição e priorizar um nome que apenas reforça as tensões, Lula dá um claro recado: a base parlamentar que garantiu sua chegada ao Planalto não tem relevância. Em uma conjuntura na qual sua capacidade de aprovar medidas no Congresso já era questionável, essa nomeação só reforça as dúvidas sobre o futuro da governabilidade.
A escolha de Gleisi não fortalece o governo. Não amplia sua base. Não melhora sua imagem perante a sociedade. Não reduz a pressão econômica. Então, para que serve? Apenas para aplacar os ânimos dentro do PT, um partido que, a cada dia, se mostra mais distante da realidade do país e mais preocupado em manter suas estruturas de poder intactas.
Enquanto Lula brinca de pacificar sua própria legenda, o Brasil segue sua marcha incerta rumo a uma crise anunciada.
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Marta Nobre é Editora Executiva de Notibras
