Notibras

Por que latinos dão a vida pela Legião francesa?

Neste dia, 10 de março de 2021, é celebrado o 190º aniversário da criação da Legião Estrangeira Francesa. Há quase dois séculos que esta legião reúne soldados de diferentes nacionalidades, e não poderiam faltar os latino-americanos. Contudo, o que os levaria a lutar pelos interesses de uma nação que não é a sua?

Esta unidade militar foi criada por decreto de lei do rei francês Luís Felipe I, em 10 de março de 1831. A partir de então, os legionários partiram a várias guerras e batalhas em diferentes partes do mundo, comprovando eficácia em muitas ocasiões.

Inicialmente, a Legião Estrangeira Francesa não tinha uma boa reputação, pois acreditava-se ser para delinquentes. Contudo, tal percepção mudou com o tempo. Atualmente, a legião é uma unidade de elite composta por cidadãos de origem não francesa que, por sua vez, procuram aproveitar os benefícios que lhes são garantidos ao lutarem pela pátria francesa.

Composição nacional
Dentro da legião estão agrupadas mais de 150 nacionalidades. Muitos dos seus soldados são provenientes do Leste Europeu e dos Balcãs, se bem que uma parcela significativa é originária de países latino-americanos, onde reinam as línguas espanhola e portuguesa. Na verdade, os soldados latino-americanos correspondem a quase 10% dos legionários.

Hoje em dia, os 11 regimentos da Legião Estrangeira Francesa contam com quase nove mil efetivos, sendo que, para a maior parte deles, ser um legionário francês não só é uma honra, como também uma oportunidade para começar uma vida nova. Porém, se recusam a serem chamados de mercenários, ainda que uma das características que torna a legião bastante atrativa para os futuros legionários é o seu salário: cerca de US$ 2.500 mensais (aproximadamente R$ 14.500).

Contudo, não se deve se esquecer do quão duras e perigosas são algumas das missões levadas a cabo por esta legião, como, por exemplo, na Guiana Francesa, cujas condições de selva são muito duras. Por essa razão, o salário de um legionário seria justificável.

Legião na América Latina
Um dos principais dias para honrar a unidade militar em causa é o dia 30 de abril. Nesse dia, no ano de 1863, os legionários, comandados pelo capitão Jean Danjou, posteriormente morto em combate, foram atacados pelas forças republicanas mexicanas na Batalha de Camarón, durante a segunda intervenção francesa no México.

Nessa batalha, os legionários teriam se negado a se render para 1.200 efetivos mexicanos, até perderem 43 de seus integrantes. No final de 11 horas de batalha, apenas dois dos 62 soldados franceses se mantiveram de pé.

Terminada a batalha, ao reparar que poucos legionários ainda estavam vivos, na maioria gravemente feridos, o comandante mexicano Francisco de Paula exclamou assombrado: “Eles não são homens, são demônios!”

Porém, os legionários não se rederam tão facilmente, pois tinham duas condições: que pudessem manter suas armas e que o seu tenente ferido fosse tratado por um médico. O comandante Francisco de Paula aceitou ambas as exigências.

Mesmo perante tamanha perda, a coragem e resistência dos soldados da Legião Estrangeira Francesa saiu vitoriosa, sendo este dia até hoje lembrado com orgulho.

Como se tornar um aspirante
No início da legião, os seus integrantes tinham a oportunidade de ocultar o seu passado e de escolher um novo nome, sendo possível recrutar até mesmo criminosos. Houve, na verdade, situações em que a legião juntava soldados que estiveram ou viriam a estar em lados opostos no campo de batalha, algo que aconteceu com muitos russos e alemães, por exemplo.

Na atualidade, os aspirantes podem firmar um contrato com a Legião Estrangeira Francesa aos 18 anos idade, sendo também possível aos 17 anos, desde que haja o consentimento por escrito de seus pais. O primeiro contrato entre aspirante e a legião tem duração de cinco anos, durante os quais as comunicações do primeiro serão bastante controladas e limitadas pelos seus superiores. Depois desse período, os próximos contratos assinados entre os soldados e a legião poderão durar entre seis meses e cinco anos.

Cada aspirante é submetido a uma série de provas físicas, intelectuais, médicas e psicológicas, mas, no final, só os melhores serão escolhidos para ingressar na tão estimada unidade militar.

Só os indivíduos que possuam passaporte francês poderão obter a posição de oficial. Os estrangeiros que tenham cumprido três anos de serviço na legião estarão aptos para solicitar a permissão de residência na República Francesa, e, caso um legionário saia ferido de um combate, este receberá automaticamente a cidadania francesa.

Sair da versão mobile