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Pacientes morrem em hospitais. Por que Rollemberg está solto?

Foto/Arquivo Notibras

No ano passado, 1 mil 400 pessoas morreram na rede pública de saúde do Distrito Federal por falta de atendimento hospitalar. O descaso transformou leitos de pacientes em túmulos. E os responsáveis precisam ser punidos com o rigor da lei. E nada como a prisão, comprovada a culpa, dos maus gestores.

Esse foi um dos assuntos mais debatidos na Câmara Legislativa na sessão desta terça, 11. E a pergunta que não quer calar partiu de Raimundo Ribeiro (MDB): “Isso é uma matança generalizada”, disse, referindo-se aos tristes números de 2017. E emendou: “Como é que o governador ainda está solto?”.

Os ataques a Rodrigo Rollemberg começaram quando o também deputado do MDB Wellington Luiz denunciou da tribuna a morte de uma mulher de 74 anos no Instituto Hospital de Base (IHB), por falta de atendimento adequado. Ele visitou o hospital no fim de semana, provocando um domingo polêmico após a ação de fiscalização.

Wellington citou um levantamento indicando a falta de leito na UTI, falhas em equipamentos e falta de medicamentos – quadro que resultou no óbito da paciente Márcia Aparecida Silva. Segundo o distrital, o Ministério Público já foi notificado e deve investigar o caso.

Ao fazer a denúncia, Wellington Luiz aproveitou para explicar o ocorrido durante a visita no final de semana, quando teve seu acesso barrado pela segurança do IHB. Segundo o deputado, identificou-se na recepção do hospital e explicou que visitava o hospital na condição de vice-presidente da Câmara Legislativa. Wellington lembrou, ainda, que estava armado, como policial civil (aposentado) que é.

O caso ocupou espaço na mídia. “A imprensa vendida tenta desvirtuar o que aconteceu. Como os vídeos Impedido no início de realizar a inspeção, mostram, eu não saquei minha arma em nenhum momento, ao contrário do vigilante que tentou sacar a arma”, acusou o deputado.

Para o distrital, a segurança queria impedir que ele tivesse acesso aos documentos originais que comprovam a denúncia e a outras informações. “Vamos ficar falando só sobre a discussão do deputado Wellington com um vigilante? Morreu uma pessoa, uma inocente, e isso não é divulgado pelas emissoras compradas pelo governo”, reclamou, embora sem citar nomes de veículos que, na sua opinião, ‘se venderam’ a Rollemberg.

O parlamentar também apresentou relatório médico sobre a existência de um paciente em isolamento com diagnóstico de meningite, havendo grande possibilidade de contaminação de outros pacientes, já que não há qualquer parede para isolar os doentes, apenas uma cortina. E completou: “O governo entregou o hospital para que não pudéssemos fiscalizar. O IHB não integra hoje a administração direta ou indireta, então não podemos mais cumprir nosso papel lá”, desabafou.

Diversos deputados manifestaram apoio a Wellington Luiz e a ações de fiscalização em entidades que recebem recursos públicos. Celina Leão (PP) fez questão de destacar o artigo 15 do Regimento Interno da Câmara Legislativa, que garante acesso ao parlamentar, sem aviso prévio, para fiscalizar órgãos públicos. “A obstrução do trabalho pode resultar até em prisão, caso algum delegado seja acionado”, frisou.

O deputado Wasny de Roure (PT) também elogiou o trabalho do colega e defendeu que a Mesa Diretora encaminhe ao governo do Distrito Federal um ofício sobre o tratamento dado ao parlamentar, que foi ao hospital representando a Casa. Já o líder do governo, deputado Agaciel Maia (PR), defendeu o Palácio do Buriti, lembrando que o governador não pode ser responsabilizado ‘por conta de um vigilante despreparado’.

Em aparte, Raimundo Ribeiro atacou e cobrou a punição dos responsáveis pela morte da paciente Márcia Aparecida. “O governo matou mais uma pessoa e utiliza a verba de publicidade para desviar a informação”, afirmou. O distrital destacou, ainda, que 1,4 mil pessoas morreram por falta de leitos nos hospitais do Distrito Federal apenas em 2017.

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