Um estudo da Universidade Ártica da Noruega descobriu crateras gigantescas no fundo do Mar de Barents, ao norte da Noruega e da Rússia – de quase um quilômetro de diâmetro e profundidade de 30 metros.
“Existem múltiplas crateras gigantes no fundo da parte ocidental-central do mar de Barents e elas provavelmente são a causa de enormes explosões de gás. É provável que esta zona de crateras seja um dos maiores pontos de fuga de metano marinho no Ártico”, informou a equipe de pesquisadores em um comunicado.
Os pesquisadores já adiantaram que as crateras explicam os relatos de vários pescadores da região que afirmam ter visto bolhas no mar, como se a água estivesse fervendo, sem nenhuma razão aparente.
A conferência na qual os pesquisadores apresentarão a descoberta, em abril, abordará também os riscos que estas explosões de gás representam para a navegação e se essas explosões e bolhas poderiam ser a causa de naufrágios registrados na região.
Especialistas como o cientista Igor Yelstov, do Instituto Trofimuk, na Rússia, chegaram a questionar se um fenômeno parecido não poderia ser o responsável pelo misterioso desaparecimento de navios no Triângulo das Bermudas – a milhares de quilômetros de distância do Mar de Barents.
Yelstov disse que várias teorias sugerem que os desaparecimentos de navios nesta área do oceano Atlântico entre Miami, Porto Rico e as Ilhas Bermudas podem ter ocorrido devido à reação dos hidratos de gás do fundo submarino.
Mas Karin Andreassem, da Universidade Ártica da Noruega e também diretora-assistente do Cage (Centre for Arctic Gas Hydrate, Environment and Climate) rejeitou estas teorias.
“Descobrimos muitas crateras grandes no fundo da região central do mar de Barents. Análises sugerem que a liberação de gás metano, quando o gelo recuou após a última Era do Gelo, formou estas crateras. Ainda temos que publicar estes resultados, então é tudo preliminar. O que posso dizer é que não estamos fazendo nenhuma ligação com o Triângulo das Bermudas”, afirmou.
‘Crateras gigantescas’ – “As crateras são gigantescas, de até um quilômetro de diâmetro e 30 metros de profundidade, e são evidências da liberação de gás no fundo do mar”, disse Andreassen.
“Essa liberação podem ser ligadas ao degelo dos hidratos de gás – o que é metano em forma de gelo – que se encontravam sob o leito marinho depois do fim da última Era do Gelo. Mas as condições durante a última Era do Gelo não podem ser comparadas com o que vemos hoje”, acrescentou.
Os especialistas darão mais detalhes sobre a descoberta em abril, na Conferência Anual da União Europeia de Geociência.
O Triângulo das Bermudas ficou famoso graças aos misteriosos desaparecimentos, mas outras investigações concluíram não ser comprovado que navios e barcos afundem mais nesta região do que em outras.
Um estudo encomendado em 2013 pela rede WWF descobriu que as regiões mais perigosas do planeta para a navegação ficam no Mar do Sul da China, no Mediterrâneo e no Mar do Norte.
O Triângulo das Bermudas nem está entre os dez primeiros da lista, apesar de ser uma das regiões de maior tráfego naval do mundo.