Domingo à noite, teremos a resposta das urnas para analisar, e tentar achar respostas. Por enquanto, só sobram perguntas. Quem é Ibaneis Rocha? De onde saem esses mais de 30% de votos indicados tanto pelo Ibope quanto pelo Datafolha? Será mesmo que ele pode ganhar já no primeiro turno?
Com a presença de sete candidatos competitivos na lista de inscritos, fato inédito na eleição 2018 no DF e raro até nos outros estados, a previsão era de uma embolada até o final.
E estamos, na véspera do pleito, calculando percentuais de votos “válidos” para verificar quantos % faltam para que um desses candidatos, aquele que partiu de mais baixo, que era (e paradoxalmente ainda continua) desconhecido, que carregava o partido do Temer, o presidente da República mais desaprovado da história do Brasil, possa terminar a corrida já neste domingo.
A não ser que os dois mais reconhecidos institutos de pesquisa do País estejam redondamente enganados (o que é muito pouco provável, na margem de erro e com 95% de confiança), o ex-presidente da OAB-DF tem uma dinâmica que só tira ele do segundo turno se for para ganhar no primeiro.
Se estagnar onde está, após as baterias de canhão dos principais adversários se virarem contra ele nos últimos dois debates, será acompanhado de Eliana Pedrosa, que não terá dificuldade em estabelecer entendimentos com dois outros candidatos do mesmo campo.
Se Ibaneis continuar crescendo, sem obter o mágico voto além dos 50%, sua captação de votos na soma Eliana/Rosso/Fraga pode levar o governador Rodrigo Rollemberg, que dispõe de um eleitorado até agora não atingido pelo emedebista. E que pode eventualmente se reforçar numa migração “útil” de corações que batem mais à esquerda, e que pretendiam apoiar Fátima Sousa (PSOL) ou Miragaya (PT).
Apesar de não fazer campanha para o candidato do PSL à Presidência, Ibaneis tem um eleitorado que, nas pesquisas, também fechou com Bolsonaro. Ele começou a crescer no Plano Piloto amplo (aquele que plebiscitou a Marina Silva em 2010 mas já tinha “endireitado” para Alckmin em 2014).
Desta vez, o movimento seria mais ainda em direção do conservadorismo ou o liberalismo, já que o trio Bolsonaro/Mourão/Guedes é uma mistura não sempre clara das duas correntes. Então como explicar que os mesmos estejam ajudando a criar a terceira surpresa (até agora) da eleição 2018: a liderança de Leila do Vôlei para o Senado?
A ex-secretária de Esportes do Governo Rollemberg não esconde seu chefe da fila (como alguns candidatos proporcionais fazem, para fugir do alto índice de rejeição do socialista. Ao contrário, o acompanha em agendas e caminhadas, sendo hoje a figura mais popular da chapa.
Bolsonaro, Ibaneis e Leila têm um ponto em comum: conseguem passar a imagem da renovação. Se olhar de mais perto os currículos, não são exatamente novatos no exercício político. O militar carioca está na Câmara dos Deputados há anos, Leila já foi candidata a distrital e ocupou cargo no Executivo, Ibaneis nunca fez política partidária, mas atua como profissional na periferia, com sindicatos de servidores públicos.
Mas isto não importa. O eleitor está descrente e descontente com sua classe política. Quem conseguir representar um ar novo ganha pontos, e até mesmo torcida. Organizada ou não. Os reflexos poderão se fazer sentir nas bancadas do DF na Câmara dos Deputados e na CLDF.
Tecnicamente, quatro atuais federais estão querendo ficar là: Érika Kokay, com eleitorado cativo e maior que o candidato do PT ao Buriti, Laerte Bessa que depende do volume de votação de Flavia Arruda, e Augusto Carvalho e o Professor Pacco (suplente que assumiu o posto de Rogério Rosso). Estes dois estão na mesma coligação, que representa o time mais forte em seu conjunto (nas outras, há um claro puxador de votos, e outros candidatos correndo atrás para estar o mais perto possível).
Por esta razão, é factível que estes candidatos, da coligação Rosso, possam eleger dois representantes. Mas aí, seriam sete vagas preenchidas, e uma só sobrando. E uma carnificina para obtê-la.