Representantes de diferentes segmentos da sociedade civil organizada estão programando uma série de manifestações no decorrer da semana que se inicia na segunda-feira 24, contra a aprovação, pelos deputados distritais, do PPCUB. Não está descartada a ideia de fazer da Câmara Legislativa e imediações uma grande área de acampamento.
Os opositores ao projeto, que o Palácio do Buriti tenta aprovar sem uma ampla discussão, se dizem indignados com os efeitos futuros do PPCUB. Brasília será retalhada, dando lugar a uma selva de pedras onde hoje existe espaço para a a natureza e lazer do povo.
O PPCUB (Plano de Preservação do Plano Urbanístico de Brasília), se aprovado como foi apresentado pelo governo, mudará a destinação de lotes, gerando uma valorização superior a cem vezes. Mesmo quem não entende de urbanismo sabe que isso vale muito dinheiro. As alterações favoreceriam a especulação imobiliária, beneficiando proprietários de grandes áreas e principalmente a indústria da construção civil.
Porém, o que mais preocupa e provoca indignação dos organizadores da manifestação, é a suspeição – levantada pelo deputado Patrício (PT) – de que a eventual aprovação do PPCUB representará a abertura de uma caixinha para financiar as eleições de outubro.
Patrício, que presidiu a Câmara na última legislatura, diz ter informações reservadas que podem comprometer não apenas seus colegas do Legislativo, mas também da equipe do próprio Palácio do Buriti, patrocinador das mudanças.
– O projeto está tramitando a toque de caixa para financiar e bancar a eleição de muita gente, advertiu o parlamentar, embora sem citar nomes.
Na avaliação de Patrício, a discussão sobre o PPCUB deve ser aprofundada ao máximo. Ele defende que sua aprovação fique apenas para o próximo ano. Com isso, diz, seriam sepultadas as suspeitas de benefícios diretos a quem votar a favor do projeto.
Na esteira das denúncias de Patrício, uma voz dissonante nas hostes do PT, o Ministério Público ajuizou ação cautelar contra o Conselho de Planejamento Urbano do Distrito Federal, constituído por representantes de entidades fantasmas interessadas na aprovação do projeto.
Felipe Meirelles