Programa especial
Povos indígenas ensinam produção de objetos culturais
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emO Memorial dos Povos Indígenas, localizado na Zona Cívico Administrativa, está promovendo uma série de atividades do Projeto Culturas Vivas, que visam a valorizar as expressões culturais e artísticas das diversas etnias presentes em todo o país, como os Rikbaktsa e os Fulni-ô. A iniciativa é uma parceria entre a Secretaria de Cultura do Distrito Federal e o Centro de Trabalho Indigenista, uma organização não governamental formada por antropólogos e indigenistas.
A programação, que ocorre dentro do contexto do Abril Indígena, mês de defesa dos direitos dos indígenas, abrangerá, até o dia 28, a exposição do acervo fixo e de fotografias do povo Yawalapiti, exibições de nove filmes e três cursos sobre técnicas típicas, como aquelas aplicadas na feitura de tramas de cestos de material vegetal e na modelagem de peças de cerâmica.
Convidada pela instituição para integrar o grupo de mulheres que conduzirá a oficina de cerâmica, Águeda Roberto, da etnia Kinikinau, explicou que a argila que serve de base na produção é bastante específica. Ela, que se mudou recentemente do município de Porto Murtinho para Miranda – ambos dentro de Mato Grosso do Sul -, disse que, quando seu estoque de argila terminar, terá que retornar à região onde morava antes, a fim de renová-lo.
Depois de moldada, a cerâmica deve ser queimada por horas a fio, com muita atenção, pois, uma vez ultrapassado o ponto ideal, acaba escurecendo. O que determina o tempo adequado de aquecimento é seu tamanho, ou seja, os artefatos maiores permanecem por mais tempo e os menores, por um intervalo menor.
Segundo Águeda, até mesmo o clima mais seco da capital federal, diferente do de Mato Grosso do Sul, exige que se redobre o cuidado durante a confecção das unidades de cerâmica, para que não fiquem estorricadas nem trinquem. “Se não cuidar, a peça quebra”, explicou.
Depois disso, a superfície já pode ser colorida, o que introduz outro aspecto fascinante, uma vez que cada região do país, além da multiplicidade de cores da própria argila, tem também peculiaridades quanto à paleta de tonalidades dos pigmentos. Águeda, por exemplo, obtém a tinta preta com jenipapo e, a partir do urucum, as nuances de vermelho.
Oficinas – O público interessado nas oficinas, que deverão ocorrer no pátio interno do Memorial, deverá preencher um formulário específico, disponibilizado pelo espaço cultural. A organização orienta que os participantes da oficina de cerâmica levem seu próprio bloco de argila, já que as instrutoras indígenas, devido ao deslocamento de viagem, tiveram limitações quanto ao volume de bagagem.
Embora as oficinas sejam gratuitas, serviços como a pintura corporal, ainda que não tenham tido preço fixo informado pela administração do local, deverão ser cobrados. Os visitantes também poderão adquirir produtos que serão comercializados pelo grupo de indígenas convidados pelo memorial, nos dias de evento.
Sob a mesma lógica de intercâmbio cultural, o público poderá degustar, ainda, um cardápio composto por pratos da Central do Cerrado, entidade que congrega cooperativas sem fins lucrativos e que utiliza ingredientes distintos do bioma. A refeição, servida no almoço e com opções vegetarianas, será oferecida a R$ 35 por pessoa, estando inclusas a bebida (suco natural) e a sobremesa.