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Praia do Futuro, no passado, foi um harém de Afrodites

Definição de beleza cabe aos olhos de cada um. No meu caso, admiro os traços suaves do rosto, o brilho dos olhos, o desenho da boca, o colo sensual… de mulher é claro. Nesta quinta, 16, usei parte da noite procurando fotos de um antigo concurso da Miss Ceará, que assiste, para meu deleite, presencialmente. Sem sucesso, empurrei minha cadeira de rodas (a que faz a extensão das minhas pernas, lembra?) e liguei o computador. Deparei-me, então, com a imagem de Tereza Santos, eleita a mais bela mulher cearense em 2021.

Admirando aquele clone de uma deusa do Olimpo, transportei-me para anos antes, quando estive na paradisíaca capital cearense. Cheguei a um suntuoso hotel no meio da tarde de uma segunda-feira. Comigo, estavam fazendo o check-in moças de beleza antes nunca vista. Eram justamente as candidatas ao título da mais bela flor da Terra de Iracema. Agora fui ao passado na Praia do Futuro. Me fiz amigo delas. E a recíproca é verdadeira. Como o concurso seria no fim de semana seguinte, e considerando que minha reserva iria até a segunda-feira, assisti, extasiado, ao desfile daquelas verdadeiras Afrodites.

Sem modéstia, senti-me o ‘dono do pedaço’, quando as candidatas, supostamente encantadas comigo, compararam-me fisicamente da cintura para cima ao ator Rodrigo Lombardi, que encenava personagem da novela Caminho das Índias, então sucesso na TV Globo. Seu papel tinha o pomposo nome de Raj Ananda.

A foto de Tereza Santos, que à época, suponho, deveria estar entrando na adolescência, fez Tico e Teco viajarem com suas imaginações e criaram para mim um verdadeiro harém de Afrodites com sotaque tupiniquim. E viajei no tempo, extasiado.

Na pacata e litorânea Fortaleza de areias douradas e brisas salgadas, os concursos de misses eram o evento anual que agitava as águas calmas da cidade. Sob o calor do sol tropical, as candidatas desfilavam com graciosidade, seus vestidos esvoaçantes refletindo o brilho do oceano.

A competição não se limitava apenas à beleza exterior; as concorrentes também buscavam mostrar talentos diversos, desde danças típicas até apresentações culturais. A cidade fervilhava com a expectativa de quem seria coroada a representante máxima da beleza local.

Nos bastidores, costureiras habilidosas ajustavam vestidos glamorosos, enquanto cabeleireiros e maquiadores aprimoravam o brilho natural das candidatas. Entre risos nervosos e palpitações ansiosas, as mulheres da cidade transformavam-se momentaneamente em estrelas cintilantes.

À noite, sob o céu estrelado, o palco à beira-mar ganhava vida com luzes que faziam lembrar os raios do Sol refletidos da Lua. E havia música vibrante. As candidatas desfilavam com graça, exibindo trajes de banho que refletiam a confiança conquistada ao longo da jornada. O público, entusiasmado, aplaudia e torcia por suas favoritas.

O momento culminante chegava com a coroação da nova miss, uma rainha temporária que representaria a cidade com elegância e orgulho. Mas, à medida que as coroas reluziam sob os holofotes, a comunidade lembrava-se de que a verdadeira beleza transcende o superficial, ancorando-se na diversidade, talento e autenticidade de cada mulher que ousava pisar naquele palco.

E assim, entre risos, lágrimas e aplausos, os concursos de misses na cidade litorânea não eram apenas eventos de glamour, mas celebrações que uniam a comunidade em torno da diversidade e da beleza única de cada mulher, deixando um rastro de memórias brilhantes nas areias da Praia do Futuro.

Hoje são reminiscências. Mas mantenho o sonho de um dia voltar a Fortaleza e tornar a ver aquelas beldades. Para mim, todas, sem exceção, sinônimo da perfeição quando se trata de beleza.

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