José Seabra
A Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal está dando os últimos suspiros. O clima na estatal de terras de Brasília é de velório.
Servidores de carreira culpam a administração pelo atual quadro. Já o presidente Júlio César de Azevedo Reis, acuado, atribui a situação de estado pré-falimentar a Jane Maria Villas-Boas, presidente do Instituto Brasília Ambiental.
O Ibram, segundo o dirigente da Terracap, ameaça suspender licenças ambientais a cada nova licitação. E isso, diz Júlio César, afasta potenciais compradores. “Vai chegar a hora de eu bater na mesa. Ou ela ou eu”, diz, em tom confidencial, a assessores próximos.
Um dos exemplos que viraram alvo do Ibram é a área do Taquari. Uma espécie de mina de ouro que pode render mais de 1 bilhão aos cofres da estatal.
Porém, admite Júlio César, com a ameaça do Ibram de cancelar a licença ambiental, promover a venda de lotes é jogar dinheiro fora. “Ninguém vai querer comprar um lote caro e ser impedido de construir sua casa”, observa.
A Terracap quer ofertar pouco mais de 2 mil lotes na segunda etapa do Taquari. O projeto é criar uma pequena cidade, que contará com mais de 10 mil habitantes se somadas as etapas I e II.
Contudo, temendo um fracasso – em consequência do litígio com o Ibram -, Júlio César autorizou incluir no edital de licitação que está na praça, apenas três lotes. Dois deles têm área de 800 metros quadrados; um outro, de 852 m².
Se forem vendidos, esses três lotes renderão aos cofres da empresa pouco mais de 1 milhão 200 mil reais. O que, convenhamos, é muito distante dos 1 bilhão pretendidos.
– Essa decisão servirá como um termômetro. São áreas remanescentes, onde o Ibram não pode mexer. Se tudo der certo, vamos impor uma derrota à ‘Esposa do Tarzan’, como Júlio César costuma se referir à presidente do Ibram.