Em entrevista coletiva no Centro de Operações Rio (COR) na tarde deste sábado, o prefeito Eduardo Paes disse que o município pagará indenização para as famílias das vítimas do desabamento de parte da ciclovia Tim Maia, na Avenida Niemeyer, ocorrido na última quinta-feira. Paes ainda garantiu que o objetivo da prefeitura é fazer de tudo para manter a ciclovia, e não há possibilidade, atualmente, de demolição.
Inaugurada há três meses, a obra custou R$ 44,7 milhões e tem 3,9 quilômetros de extensão. O prefeito disse que hoje não trabalha com a hipótese de botar a construção abaixo e que a prioridade é apurar causas e responsáveis pela tragédia.
– Queremos manter a ciclovia. Vamos fazer os ajustes necessários para isso. Está claro que é necessário um plano de contingência para casos de ressaca, por exemplo. Em momentos de ondas muito fortes, as pessoas precisam ser alertadas para não circularem pelo local. – explicou Paes, que disse não ser possível apontar a falta do plano de contingência como causa para o acidente. – Não houve essa recomendação anteriormente. Não sei dizer se essa foi a maior falha.
Na manhã deste sábado, a segunda vítima da queda, o gari Ronaldo Severino da Silva, foi enterrado no cemitério São João Batista. Durante o enterro, amigos e familiares criticaram duramente a prefeitura e culparam Eduardo Paes pelo ocorrido. O prefeito disse que recebeu com muita tristeza a informação, mas que compreende o momento dos familiares.
– É compreensível a revolta pela qual estão passando – disse Paes, que ainda confirmou que serão feitos acordos para indenizações às famílias. – A prefeitura tem consciência de sua responsabilidade. Claro que nada compensa a perda de duas vidas, mas ao menos faremos nossa parte com o reparo material. Conversei com o cunhado do engenheiro Eduardo Marinho (uma das vítimas) por telefone, que me atendeu gentilmente. Pretendo encontrar com todas as famílias pessoalmente.
Sobre o relatório do Tribunal de Contas do Município (TCM), que já havia constatado a existência de trincas e depressões no piso, Paes disse que todos os questionamentos foram esclarecidos durante as obras.
– O TCM faz relatórios permanentemente. Disseram, por exemplo, que havia pinos demais para prender a ciclovia, num momento. Nesse caso ficamos com a decisão da prefeitura, e não reduzimos a quantidade de pinos. Óbvio que se a obra fosse perfeita, não ocorreria a tragédia, mas nós sempre esclarecemos os alertas que eram feitos. Assim como na entrevista coletiva da última sexta-feira, o prefeito reforçou que a natureza não pode ser culpada pela tragédia. Ele também voltou a defender a Concremat, que é contratada para realizar a gerência de sete obras olímpicas, uma das especialidades da empresa segundo Paes.
– A Concremat sempre foi muito respeitada nesse tipo de obra. É preciso esclarecer que ela não fiscaliza as outras obras, mas sim gerencia. Ou seja, acompanha questões como cumprimento de prazos, e não a fiscalização da qualidade do material utilizado.
Neste sábado, parte da ciclovia já está reaberta, entre o Leblon e o Vidigal. O prefeito disse que a decisão foi da Defesa Civil, pois entendeu que aquele trecho não apresenta perigos.
– O que já foi liberado é distante do pedaço que caiu. Não atrapalha a perícia. Inclusive é uma parte da obra diferente, basicamente o aumento de uma ciclovia que já existia (entre Leblon e Vidigal), no leito da calçada mesmo – concluiu o prefeito.