Cabo de Santo Agostinho
Prefeitura alavanca turismo para movimentar a economia local

A Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho está desenvolvendo um plano estratégico para impulsionar o turismo no município, com o objetivo de fomentar a economia por meio da geração de emprego, renda e inclusão social. A proposta também visa reposicionar o Cabo como um destino relevante no cenário turístico de Pernambuco, atraindo tanto visitantes nacionais quanto estrangeiros interessados em lazer, cultura e história.
O secretário municipal de Turismo, Ederly Barros — conhecido como Del da Autoescola (PSB) e ex-vereador — destacou o empenho do prefeito Lula Cabral (Solidariedade) em consolidar o setor turístico, também chamado de “indústria sem chaminés”. A Secretaria de Turismo está atualizando o inventário turístico do município, mapeando gargalos e oportunidades com o intuito de criar um projeto que valorize e promova os principais atrativos locais.
Com o novo levantamento em mãos, a Prefeitura pretende firmar parcerias com a Empetur (Empresa Pernambucana de Turismo), com o Sistema S — especialmente o SENAI, para capacitação profissional voltada ao atendimento turístico — e com entidades da iniciativa privada, que poderão agregar experiências e contribuir para o fortalecimento do setor.
Del também expressou preocupação com a infraestrutura de hospedagem do município. Apesar da existência de um resort e diversas pousadas ao longo do litoral, muitas dessas acomodações ainda carecem de melhorias estruturais e de qualificação profissional. Durante anos, esses estabelecimentos serviram como moradia temporária de trabalhadores do Complexo de Suape, afastando-se de sua vocação turística original.
Outro desafio destacado é a precariedade da PE-28, que liga os bairros litorâneos — como Paiva, Itapuama, Pedra de Xaréu, Enseada dos Corais, Gaibu e Suape — ao Centro do Cabo. A rodovia, com pista única, sem iluminação ou acostamento e sinalização deficiente, está em estado de abandono por parte do governo estadual e não foi incluída no plano de recuperação de rodovias. A Prefeitura, por sua vez, não tem autonomia para intervir na via.
O Cabo de Santo Agostinho possui 24 quilômetros de litoral e nove praias paradisíacas, mas o potencial turístico vai muito além do sol e mar. O município reúne condições ideais para o ecoturismo, com parques naturais, fontes e trilhas ainda pouco exploradas. O turismo religioso também se destaca, com as ruínas dos Carmelitas, a Igreja de Nazaré e o projeto de instalação de uma imagem de Nossa Senhora Aparecida com 80 metros de altura, no distrito de Jussaral — mais alta que o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.
Na dimensão histórica, o município guarda episódios que antecedem a chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil. Segundo registros, o navegador Vicente Pizón, a serviço da Coroa Espanhola, passou pela região em 1500, seguido por Américo Vespúcio, em 1501, durante expedição portuguesa que já utilizava o nome atual da localidade.
Outro marco é o Engenho Massangana, conjunto arquitetônico do século XIX e tombado como Parque Nacional da Abolição. O local foi residência do abolicionista Joaquim Nabuco durante a infância, influenciando a formação de seus ideais libertários.
A gastronomia local é um atrativo à parte, com forte presença de peixes e frutos do mar. Pratos como moquecas, peixadas, ritada de aratu, camarões, caranguejo e lagosta marcam a experiência de quem visita o município. A tradição dos doces artesanais também se mantém viva, com passas de mangaba e caju, geleia de araçá, cocadas e licores variados — de jenipapo, café, canela e coco.
O patrimônio cultural do Cabo é vibrante e diverso. A arte cabense se expressa por meio da dança, música, teatro e poesia. Manifestações como a Sociedade dos Bacamarteiros, o Côco de Roda, grupos de pífano e as festas juninas fortalecem a identidade do povo e enriquecem a vivência dos turistas.
Já o artesanato local une tradição e inovação. A argila é o principal elemento na produção cerâmica, que também se estende à fabricação artesanal de cosméticos. Esculturas em madeira, ferro e materiais recicláveis, além das técnicas de marchetaria, trançados com fibras vegetais, arte em cipó e pintura em tecidos, também fazem parte dessa diversidade criativa.
Essa riqueza é concentrada no Centro de Artesanato do Cabo, espaço dedicado à criação, formação técnica e comercialização das peças. Reconhecida nacionalmente, a cerâmica cabense atrai até chefs de cozinha pela qualidade da argila e técnicas utilizadas. O local também oferece oficinas para turistas produzirem suas próprias peças — uma lembrança autêntica e inesquecível da visita ao município.
