Preparar a mão-de-obra qualificada também é uma obrigação das empresas
Publicado
emAlexandre Santille
Desde 2008, marco da crise financeira global, a economia mundial enfrenta menores índices de crescimento e produtividade, além de índices elevados de desemprego. Tal cenário reflete um grande desafio para a maioria das economias desenvolvidas e dos mercados emergentes –entre estes, o do Brasil.
A análise é do WEF (World Economic Forum). Em seu ranking, composto por 140 países, sobre competitividade global, o Brasil está na 75ª posição, atrás de países latino-americanos como Uruguai, Peru, Colômbia, México, Costa Rica, Panamá e Chile.
Além do mau desempenho em competitividade, o país ainda ranqueia mal em produtividade. Um trabalhador brasileiro produz aproximadamente 25% do que produz um americano, segundo pesquisa de 2015 do The Conference Board, que reuniu 1.200 empresas públicas e privadas de 60 países.
O que os estudos mostram é que a competitividade, apesar de ser complexa e envolver diversos fatores macroambientais, também depende totalmente do quanto o sistema educacional está alinhado à eficiência do mercado de trabalho. O desalinhamento entre o sistema educacional e a iniciativa privada no Brasil deixa as instituições e as empresas em uma situação bastante crítica.
No âmbito empresarial, a competitividade está atrelada a características como as das capacidades de educar, treinar e inovar. Aprimorar tais habilidades passou a ser uma questão de sobrevivência para qualquer empresa.
Não por acaso, os países que lideram a lista de competitividade do WEF –como é o caso da Suíça, de Cingapura e dos Estados Unidos– despontam em pilares como o da educação primária, o do ensino superior, o de treinamento de sua força de trabalho e também o da inovação. Ao contrário do Brasil que, em um total de 130 países, aparece em 118º lugar quando o assunto é qualidade em educação primária.
O que podemos tirar disso é que os governos têm, sem sombra de dúvidas, um papel essencial na reversão de parte dessa situação. Entretanto, e as empresas? Elas podem e devem assumir parte do papel de preparar a mão de obra para assim ampliar a sua capacidade competitiva.
Em um mundo em que a competitividade global nos impõe novos perfis de profissionais e altas metas de performance, o conceito de “lifelong learning” (aprender para toda a vida) é essencial, e as empresas possuem um papel preponderante nesse desenvolvimento.
Aliada a ferramentas tecnológicas, acredito que a educação corporativa, como parte integrante desse sistema educacional e com a sua nova visão de aprendizagem, desempenha um papel fundamental no sentido de garantir que os profissionais atuais e os das novas gerações adquiram as habilidades necessárias para dar conta do desafio da competitividade.
Nesse aspecto, as explosões de tecnologias e mobile são, aliadas a uma curadoria criteriosa, peças-chave para se ampliar a capacidade das empresas de promover a aprendizagem continuada com baixo custo e com alto impacto.
Impulsionada pela tecnologia, a educação corporativa vem adotando práticas de gamificação, mobile learning, ensino adaptativo, realidade virtual, entre tantas outras inovações. Todas elas acompanhando o ritmo da revolução digital presente em diversos aspectos da nossa vida.
Quando bem usadas, tais práticas são também poderosas ferramentas para o aumento da produtividade e da competitividade das empresas e do país. Precisamos pensar em aprendizagem não como a tradicional que conhecemos, mas como aquela engajadora que gera resultados tanto para o indivíduo quanto para as organizações.