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Prepotência pode deixar Flávio Britto em saia justa

O advogado Flávio Britto é vingativo e rancoroso, dizem. E gosta de fazer ameaças – isso não dizem; é fato. Pois não é que esse ex-desembargador, amigo de Jair Bolsonaro (o presidente detentor do título de genocida), e de cujos pés escapam frágeis baratas, decidiu ameaçar o jornalista José Seabra, diretor-editor de Notibras? Pois é (de novo).

Há alguns dias, Flávio Britto, filho do também Flávio Britto, já falecido, senador-suplente na época da ditadura militar, e primo de Paco Britto, vice-governador do Distrito Federal, escreveu um comentário, se não desabonador, ao menos hilário, do ponto de vista jornalístico. Tratou-se, então, de resposta a postagem feita por Délio Lins e Silva Júnior em grupo de advogados.

Participante do grupo como convidado por um ou mais dos administradores, como de resto mais alguns jornalistas e representantes de outras categorias profissionais, José Seabra, sem ofensas, comentou, em meio à polêmica, que comparava o grupo a um divã virtual. Lia, sorria, e jogava o estresse pela janela sem desembolsar nenhum centavo com terapeutas, muito menos em terapias de casais.

O entrevero Délio Jr-Flávio foi marcado a partir do adjetivo amigo, empregado pelo presidente da OAB-DF em mensagem onde o ex-desembargador era citado nominalmente. A resposta, não necessariamente em interpretação literal, foi a de que amigo era a vovozinha. E haja espaço para antônimos de amigo. De êmulo a desaforado, passando por atrevido, valeu tudo.

Disputa eleitoral dá nisso. Troca de acusações, agressividade, ameaças, insinuações infames de filho de moradora da Casa da Luz Vermelha etc etc etc. E como jornalista não vota em pleito para a OAB, o melhor é continuar no divã, de preferência degustando com cubos de gruyère um bom tinto francês ou português (não aquela raridade Crasto, presenteada por Alcoforado).

O amanhecer da noite da descortesia de Flávio Britto foi antecedido de uma tempestade trazida por Morfeu no silêncio da madrugada. Em seu aplicativo de WhatsApp, conta José Seabra, havia uma mensagem assinada justamente por Flávio Britto. E, creiam ou não, adjetivando como amigo.

O texto era dividido em duas partes: 1) (…) e (…). As reticências correspondem ao endereço residencial (com direito ao CEP) do nosso Diretor-Editor. Desnecessário repeti-lo; 2) “Amigo (isso mesmo, caro leitor, ‘amigo’), por gentileza, você confirma essa endereço?”. As mensagens foram encaminhadas às 5h14 e 5h38.

Às 7h25, José Seabra respondeu à desaforada invasão de privacidade do êmulo Flávio Britto, nos seguintes termos: Bom dia! Meu endereço residencial, sim. Posso ser útil em alguma coisa?

Vieram O Dia Seguinte e O Dia Depois de Amanhã. Quem conhece José Seabra – e muita gente conhece, porque são 52 anos e agora já nove meses de jornalismo em Brasília – sabe que o portal de notícias Notibras, há 22 anos no ar, é seu filho mais novo. Pragmático, ele se permite dar ao site quase a mesma atenção e carinho dispensados aos netos. Desconsiderou, portanto, o texto de Flávio Britto.

De tardinha, no costumeiro café de segunda a sexta (e eventualmente no sábado) com amigos, muitos dos quais advogados, a mensagem encaminhada de madrugada veio à tona espontaneamente. Ninguém precisou ler o texto duas vezes para concluir que se tratava de uma ameaça. Um desembargador, daqueles vitalícios e não um dos temporários nomeados para o TRE, esbravejou. Soltou cobras e lagartos. De fdp pra baixo, a lista foi imensa. A José Seabra foi sugerido registrar ocorrência policial. Um dos presentes, especializado em Direito Criminal, ofereceu-se para tomar a frente da ação. Mas, ponderou nosso Diretor-Editor, como ele saíra ileso de ameaças de generais, brigadeiros e almirantes nos anos de chumbo, não tinha porque temer quem não mata sequer baratas. E pediram uma nova rodada de café. E a conta.

Como se disse lá em cima, Flávio Britto é vingativo e rancoroso – e agora também chegado a ameaças. Há uma semana, um ex-estagiário de Notibras, hoje respeitado repórter com as mais confiáveis fontes de informação, confidenciou que o ex-desembargador do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal mandou investigar o passado de José Seabra. O objetivo é fazer publicar mil vezes uma mentira para tentar transformá-la em verdade.

O advogado Flávio Britto e três ou quatro dos seus pares, precisam entender definitivamente que José Seabra não é pedófilo. José Seabra não é venal. José Seabra não é misógino. José Seabra não é traficante. José Seabra é apenas um jornalista, Diretor-Editor de Notibras, que tira parte de sua pensão vitalícia como Anistiado Político, para manter vivo o projeto editorial que virou sinônimo de verdade e liberdade de expressão.

Mensagens madrugadoras podem até soar como ameaças, mas nem por isso intimidam pessoas sérias. Não se impõe temor a jornalista. Contudo, como conselho e caldo de galinha não fazem mal a ninguém, o jornalista José Seabra, atendendo sugestão de amigos, registrou nesta terça, 2, ocorrência policial na 21ª DP contra Flávio Britto. Isso, apesar de saber que cão que ladra não morde. E que esse negócio de que em terra de cego quem tem um olho é rei, não passa de história da carochinha. Os pescadores do Lago Paranoá que o digam.

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