Nisan César dos Reis (PSD) nega acusações de Luciano Mota(PSDB)
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emO presidente da Câmara de Vereadores de Itaguaí, Nisan César dos Reis Santos (PSD), citado no depoimento de um ex-segurança do ex-prefeito de Itaguaí, Luciano Mota (PSDB), à Polícia Federal (PF) como receptor de uma espécie de mensalinho, negou, nesta segunda-feira ( 20), a acusação, afirmando que jamais teve contato com o denunciante. O dinheiro, de acordo com a denúncia, teria como finalidade barrar CPIs na Casa. Ontem, o vereador entregou um documento à imprensa em que, além de negar as acusações, apresenta o ofício 95/2015 encaminhado ao procurador geral de justiça, Marfan Martins Vieira, solicitando acesso ao depoimento prestado pelo ex-policial militar Alexandre Marques da Silva à PF (no qual ele disse ter entregue à Nisan Reis R$ 600 mil mensais entre maio e outubro de 2013) e a todo o inquérito “para que se possa conhecer os fatos e exercer sua oportuna defesa”.
— Quero deixar uma coisa clara. Estou sendo denunciado por um homem que confessou fazer parte de uma quadrilha. Ele já deu entrevista a um jornal local afirmando “já carreguei dinheiro, dei CPF, entreguei dinheiro a empresários”. Esse senhor que me acusa de ter entregue na minha cada R$ 600 mil por mês foi a mesma pessoa que fez todas as gravações, todos os vídeos de todo esse processo de afastamento do prefeito. O vídeo da Ferrari, na Dutra, o do carro sendo lavado pelo prefeito, foi ele que fez, um vídeo de 58 minutos em que o meu nome é citado como a pessoa que atrapalha o esquema. Se ele, que tem hábito de gravar tudo o que acha estranho à sua volta, esteve, supostamente, sete vezes no portão da minha casa levando R$ 600 mil não pensou em nenhum momento em me filmar? — questionou o vereador, reafirmando que as acusações são mentirosas.
O presidente da Câmara negou, também, ter indicado 18 pessoas para cargos comissionados na prefeitura, de acordo com o ofício da PF. Segundo ele, foram dez pessoas indicadas, entre elas seu sogro. Nisan Reis disse ter agido dentro da lei e que não vê conflito ético na indicação.
— Ele trabalhava como meu motorista. Recebia R$ 5 mil mensais. Não vejo ilegalidade. Mas, como a prefeitura deu início a uma apuração para enxugar a folha e descobrir funcionários fantasmas, decidi pedir a exoneração de todos — afirmou.
Especialista em administração pública, o advogado Hermano Cabernite, enxerga nepotismo na iniciativa do vereador.
— Conforme é sabido, a contratação de parentes caracteriza-se como nepotismo, que é reconhecida como uma ofensa aos princípios da impessoalidade, moralidade, eficiência e isonomia. Em tese, contratação por parte da prefeitura e cessão para outro órgão municipal de parente de prefeito, caracteriza o que é conceituado como nepotismo cruzado, que é a troca de parentes entre agentes públicos para que tais parentes sejam contratados diretamente, sem concurso. É considerada uma troca de favores — analisou Cabernite.
Ele disse que o trabalho da prefeitura já identificou vários servidores fantasmas, entre eles um médico que recebia R$ 32 mil por mês sem trabalhar. Segundo a prefeitura de Itaguaí, a Secretaria de Administração já localizou cerca de 400 fantasmas, que custavam aos cofres públicos R$ 3,8 milhões, aproximadamente.
Na relação da PF aparece ainda a vereadora Mirian Pacheco (Solidariedade), que teria indicado 23 pessoas, entre elas duas irmãs. Também estão na relação os vereadores Márcio Pinto (Solidariedade), com 14 indicações; Genildo Ferreira Gandra (PDT), com 24 indicações para cargos em comissão; Vicente Rocha (Solidariedade), com oito indicados; Marco Aurélio Barreto, o Dr. Marquinho (PT), com 13 indicados; Carlos Eduardo Kifer Ribeiro (PP), que ocupa a 2ª secretaria da Casa e teria indicado 27 nomes; Silas Cabral (PV), com 14 nomeações; Eliezer Bento, o Zezé (PSDC), com seis indicados; Abeilard de Souza Filho, o Abelardinho (Solidariedade), com 33 indicações; Luiz Fernando de Alcântara, o Parrola (PRB), com 13 indicações; e Roberto Espolidor Guimarães (Solidariedade), com 36 nomeações.
O clima entre os moradores de Itaguaí é de expectativa quanto aos passos do novo prefeito, Wesley Pereira, e de indignação em relação às descobertas dos crimes atribuídos ao prefeito afastado Luciano Mota.
— As pessoas estão insatisfeitas com a situação de total abandono da cidade. Mas acho que o povo tem participação nisso, já que elegeram o prefeito afastado. O pai é dono de um areal aqui. Ele nunca administrou nada, nem o negócio do pai. Deu no que deu — comentou o taxita Carlos Alberto de Souza, de 53 anos.
O comerciante Antônio Marcelino Silva, de 63 anos, teme que o atual prefeito não tenha tempo para “arrumar a casa”.
— Quero ver se vai dar tempo de resolver tantas coisas. Será preciso novas licitações para tocar as obras. E a prefeitura está sob investigação. Ele (o prefeito atual) ainda está focando nos problemas do prefeito anterior. Tomara que dê certo — torceu.