Lá se foi o tempo em que o presidente do Partido das Lágrimas (PL), Valdemar Costa Neto, se achava um midas. Talvez tenha sido até esbarrar com Jair Messias, o coveiro de 11 entre dez políticos brasileiros. Depois de perder o mandato de deputado federal e a mulher mandona, Valdemar se enveredou por caminhos nunca d’antes navegados. O resultado está aí. Como astrólogo, não passa de um líder partidário sem razoabilidade nem na bancada. Como astromante, pede aos liderados para jogar no cavalo e dá burro ou jumento na cabeça. Tentou a adivinhação e errou todas as apostas que fez. Partiu para a vidência e, mais uma vez, ficou pelo caminho. Restam a profecia, a macumba e a feitiçaria.
Vamos aguardar o próximo passo do papa do besteirol. Como profeta de padaria de rodoviária, Valdemar errou de cara quando “vendeu” a ideia para os bolsonaristas de que as urnas eletrônicas eram passíveis de fraudes. Perdeu novamente ao contratar uma “empresa” para atestar a violabilidade do sistema eleitoral brasileiro. Deu com os burros n’água ao reunir a imprensa para informar que Jair seria reeleito no primeiro turno. Depois, apostou todas as fichas na vitória de seu “parceiro” no segundo turno. Luiz Inácio ganhou do Jair, do Anderson Torres, da Polícia Rodoviária Federal, dos generais de pijama, dos terroristas de plantão e até dos mais otimistas e enraizados jairzetes que, enfatiotados de patriotas, se apossaram dos pátios defrontes aos principais quartéis do país.
Definida a eleição, Valdemar pediu aos pretos velhos, caboclos e exus para que o Bozo tivesse peito e se transformasse no líder da oposição a Luiz Inácio. A imbrochabilidade permaneceu silenciosa. Para quem errou as principais previsões desde a campanha eleitoral de 2022, Valdemar não passa mais confiança nem às emas do Palácio da Alvorada ou aos jacarés do Lago Paranoá. A água derrama de vez quando ele torna alguma coisa pública com a intenção de levantar o astral do Bozo, conhecido nos bons tempos como o imbrochável do Planalto Central. Aí, a emenda fica pior do que a “sineta”, pois Dom Valdemar do Mensalão se dá conta de que é da caneta mágica de Alexandre de Moraes que sairá a palavra mágica que vem assustando meio mundo: inelegibilidade.
E, tudo indica, não será menor do que oito anos. Dizem que Xandão está com sangue nos olhos. Mas nem tudo acaba na inelegibilidade. Com Xandão no comando de todos os processos envolvendo o mito de barro (inclusive a fraude no cartão de vacinação), o buraco é bem mais embaixo. Aliás, dizem os fofoqueiros de plantão, que é do buraco mais embaixo que virá a mercadoria mais fedida. Pelo sim, pelo não, Jair tem urticária só de ouvir falar em Xandão, Supremo Tribunal Federal, Tribunal Superior Eleitoral, Polícia Federal, Flávio Dino e 8 de janeiro. É um descontrole que só é amenizado com tarjas pretas e “tampax” geriátricos. São os famosos efeitos colaterais.
Acuado, apavorado, sem prestígio, estonteando a defesa e cada vez mais criando provas contra si mesmo, obviamente que o medo é de ser preso a qualquer momento. Assim têm sido suas reações durante conversas com aliados mais próximos, a maioria ligada ao partido do Valdemar, que, acredito, errou pela nonagésima vez ao afirmar que Jair “é pessoa correta”. Para os corretos, dificilmente uma pessoa correta enfrenta um inferno astral tão tenebroso. Não sei o que está por vir. O que sei é que a terra é redonda e gira conforme nossas ações. Michelle Bolsonaro foi uma das últimas apostas do mago Valdemar Costa Neto. Considerando o nada vezes os nove fora, imagino que a raiz quadrada dessa operação do Partido das Lágrimas seja mais um fiasco valdemariano. Imaginando um hipotético diálogo entre Valdemar e Bolsonaro, um deve ter dito ao outro na campanha: Vamos ganhar e si consagrar no Planalto. Quase seis meses após a estrepitosa vitória de Lula, o outro certamente disse a um: Si demos mal.