Hoje vou revelar como comecei a namorar a Dona Irene. Pois bem, isso foi há mais de uma década, quando ela, para aceitar o meu pedido de namoro, me fez três perguntas, entre as quais estava a se eu gostava do Belchior. Obviamente, respondi que sim e, então, ela me presenteou com aquele refrescante primeiro beijo na boca.
É claro que dizer que eu também era fã do Belchior não bastaria para conquistar o coração da minha mulher. Por isso, passei a acompanhá-la em vários tributos a esse gigante artista. Aliás, de tantos shows que fomos, acabamos por nos apaixonar por uma cantora em especial, a Alessandra Terribili, inclusive no Clube do Choro, lá defronte ao Mané Garrincha.
A Alessandra, atrevo-me a dizer, é uma verdadeira rainha dos palcos, que se tornam até pequenos diante de tamanho talento. Artista das boas, a cantora é mesmo espaçosa, não pede nem licença para invadir nossos corações. Ela já vai dando uns bicudos na porta e, se esta não abrir, pula a janela mesmo.
Ah, essa fixação da Dona Irene pelo Belchior não tem limites. Tanto é que uma das nossas cachorrinhas, mesmo sendo uma menina, ganhou o inusitado nome de Belchior. Tudo bem que hoje em dia a minha amada a chama de Bebel, enquanto eu prefiro Belzulo. No entanto, toda vez que ela apronta uma, a minha mulher grita: “Belchior, sua cachorra maluca!”
*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.
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