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Prisão de marqueteiro do PT pode reacender o processo de impeachment na Câmara

Isadora Peron

Aliados do vice-presidente Michel Temer (PMDB) acreditam que a nova fase da Operação Lava Jato, deflagrada nesta segunda-feira, 22, e que tem como alvo o marqueteiro João Santana, pode ser a fagulha que faltava para reacender a discussão sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff.

O episódio, afirmam, deverá ter impactos tanto no Congresso como na opinião pública, já que Santana foi o responsável por comandar as campanhas do PT desde 2006, incluindo a da reeleição de Dilma em 2014.

Por outro lado, os peemedebistas reconhecem que o pedido de prisão de Santana também é um elemento novo no processo que corre no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e que pede cassação tanto do mandato de Dilma como de Temer.

Esses mesmo aliados argumentam, porém, que ainda é cedo para fazer qualquer avaliação, mas dizem que o pedido de prisão de Santana aproxima Dilma do esquema de corrupção que desviou cifras bilionárias da Petrobras.

Apesar da opinião de aliados, o vice, por ora, deve se manter afastado da discussão sobre o impeachment. Temer não quer ser novamente acusado de “conspirar” pela saída de Dilma do cargo, como aconteceu no fim do ano passado.

No Palácio do Planalto, o discurso é que o pagamento feito ao marqueteiro na disputa presidencial de 2014 foi legal e que as investigações da PF tem como foco tanto Dilma quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Bloqueio – O juiz federal Sérgio Moro decretou nesta segunda-feira, 22, o bloqueio de R$ 100 milhões do marqueteiro João Santana, da mulher dele, Monica Regina Cunha Moura, e das duas empresas controladas pelo casal, a Santana & Associados Marketing e Propaganda Ltda. e a Polis Propaganda & Marketing Ltda.

Moro também ordenou o confisco de mais R$ 75 milhões de outros três alvos da Operação Acarajé – R$ 25 milhões do executivo Fernando Miggliacio, da empreiteira Odebrecht, R$ 25 milhões da Eagle do Brasil Ltda. e R$ 25 milhões do engenheiro Zwi Skornicki.

“Não importa se tais valores, nas contas bancárias, foram misturados com valores de procedência lícita. O sequestro e confisco podem atingir tais ativos até o montante dos ganhos ilícitos”, assinalou a decisão.

O juiz considerou “os valores milionários” dos supostos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas atribuídos a Santana e aos outros investigados. Ele citou, como exemplo, “pagamentos ilegais, só na Shellbill, de US$ 7,5 milhões de dólares”.

O juiz observou que “na hipótese probatória mais provável, tais valores destinar-se-iam a remunerar os serviços de publicidade prestados por João Santana e Mônica Regina ao Partido dos Trabalhadores, o que é bastante grave, pois também representa corrupção do sistema político partidário”.

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