A prisão de João Vaccari Neto, tesoureiro afastado do PT, animou os partidos de oposição. Em reunião nesta quarta-feira 15 em Brasília, presidentes do PSDB, PPS, DEM, SD e PV decidiram somar esforços no sentido de buscar uma alternativa para a saída da presidente Dilma Rousseff do Palácio do Planalto, por meio de um processo de impeachment.
O discurso das oposições foi unificado. A iniciativa de mover a ação, porém, vai depender de um estudo contratado a um grupo de juristas, à frente Miguel Reale Jr, reconhecidamente ligado aos tucanos. O parecer sobre o impeachment deve ficar pronto na terça-feira 21 – quando o Brasil comemora o Dia de Tiradentes.
A prisão de Vaccari foi a gota d’água. Mas outros fatores vão contribuir para o parecer, tido nos meios políticos como favorável ao afastamento da presidente. Não é, portanto, apenas o desvio de recursos da Petrobras que provocaram a Operação Lava Jato. A oposição aposta em outros três fatos para respaldar o pedido: a acusação de que a Controladoria Geral da União (CGU) segurou informações sobre propina na estatal até o fim das eleições; o uso irregular dos Correios na campanha eleitoral; e a responsabilidade de Dilma por crime fiscal a partir das chamadas “pedaladas fiscais”, com uso de bancos públicos, para fechar as contas da União.
Principal partido de oposição, o PSDB se abriu de vez para a proposta do impeachment depois da prisão de Vaccari. A ideia de já levantar a bandeira do “Fora Dilma” é defendida com entusiasmo pela bancada de deputados da legenda, mas ainda encontrava resistência entre os senadores tucanos.
“O impeachment ainda não é a nossa bandeira, mas há muita pressão vindo das ruas e estão acontecendo fatos novos a cada dia”, pontuou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). O aumento do tom dos discursos de Aécio já sinaliza neste sentido. Antes cauteloso, o candidato derrotado na disputa presidencial do ano passado passou a dizer que a palavra impeachment “não é proibida”.
Entre os oposicionistas, havia quem defendesse uma radicalização do processo. O senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) chegou a sugerir que se pedisse a extinção do PT. Mas depois dos atos de hoje, o tom mudou. A formação do bloco oposicionista ocorre no momento que os líderes dos principais movimentos anti-Dilma decidiram também atuar em conjunto no Congresso. A avaliação dos 25 maiores grupos responsáveis pelas manifestações de março é a de que a atuação nas ruas se esgotou e a hora é de pressionar o Parlamento. Os ativistas fizeram hoje um ato público em frente ao Congresso.
Pela primeira vez, um evento dos grupos contou com a participação de políticos. Diante dos senadores tucanos José Serra (SP), Cássio Cunha Lima (PB) e Álvaro Dias (PR) e de diversos deputados do DEM e do PSDB, os líderes das manifestações leram um manifesto com diversas demandas. O senador Aécio Neves preferiu não comparecer neste primeiro evento.
Da Redação com Agências