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Produção de novo chip da Microsoft traz à tona velha teoria da alquimia

Saiu na quarta-feira, 20, na edição do jornal O Globo. que a “Microsoft produz ‘chip quântico’ com novo estado da matéria: nem sólido, nem líquido nem gás”. O novo ‘qubit topológico’ da empresa foi detalhado em artigo da Nature e no futuro poderá viabilizar em larga escala a computação quântica, tecnologia que potencializa o poder computacional (Microsoft produz ‘chip quântico’ com novo estado da matéria: nem sólido, nem líquido nem gás).

O termo “quântico” vem da física quântica, um ramo da ciência que estuda o comportamento das menores partes da matéria, como átomos e partículas subatômicas como os elétrons, fótons e quarks. Diferente da física clássica, que explica o mundo em uma escala maior, a física quântica revela fenômenos surpreendentes e, às vezes, difíceis de compreender.

Ela trabalha baseada em alguns princípios físicos, como a energia não é contínua, mas sim dividida em pacotes chamados “quanta”. Isso significa que os elétrons, por exemplo, só podem ter certos níveis de energia, sem valores intermediários. Partículas como elétrons e fótons podem se comportar tanto como partículas (objetos pequenos e localizados) quanto como ondas (espalhadas no espaço), denominado princípio da dualidade onda-partícula.

O Princípio da incerteza, de Heisenberg, afirma que não podemos medir com precisão, ao mesmo tempo, a posição e a velocidade de uma partícula. Quanto mais sabemos sobre uma dessas propriedades, menos sabemos sobre a outra. Outro princípio é o Emaranhamento quântico, quando duas partículas estão “emaranhadas”, a alteração de uma delas afeta imediatamente a outra, mesmo que estejam separadas por grandes distâncias.

Apesar de parecer abstrata, a física quântica tem muitas aplicações práticas como os computadores quânticos, que prometem resolver problemas complexos muito mais rápido que os computadores tradicionais, tecnologias como lasers e ressonância magnética (usada em exames médicos) e a criptografia quântica, que garante comunicações extremamente seguras. Fora da física, o termo muitas vezes é usado de forma metafórica para indicar mudanças súbitas, transformações profundas ou estados simultâneos.

Em áreas como espiritualidade, filosofia e autoajuda, o termo “quântico” é frequentemente associado à ideia de consciência, vibração e interconexão, embora sem embasamento científico direto. Na alquimia, o alquimista é um participante ativo no processo de transformação, refletindo a ideia de que a percepção e a consciência são partes essenciais da realidade.

Inadvertidamente, é muito comum o uso do experimento da dupla fenda para exemplificar a importância do papel do observador. Porém, por desconhecimento, é um exemplo inadequado. O experimento de dupla fenda é um dos mais famosos da física quântica e demonstra a dualidade onda-partícula, um dos conceitos fundamentais da mecânica quântica.

Realizado por Thomas Young no início do século XIX para estudar a natureza da luz e mais tarde adaptado para partículas subatômicas, revelando propriedades surpreendentes. Imagine que temos uma placa com duas fendas e um anteparo (uma tela) logo atrás para registrar o que acontece. Agora, vamos jogar partículas (como elétrons ou fótons) em direção a essa placa. Se as partículas fossem bolinhas comuns, elas passariam apenas pelas fendas e formariam duas faixas na tela, correspondendo às fendas. Se fossem ondas (como ondas na água), elas passariam pelas duas fendas e se espalhariam, criando um padrão de interferência (várias faixas claras e escuras) na tela.

Isso acontece porque as ondas se somam em alguns pontos e se cancelam em outros. Quando os cientistas fizeram esse experimento com elétrons, esperavam ver apenas duas faixas, como se fossem bolinhas. Mas, para surpresa geral, apareceu um padrão de interferência, como se os elétrons estivessem se comportando como ondas! Bem, se isso já era estranho, mas ficou ainda mais interessante quando decidiram observar qual fenda cada elétron passava.

Ao colocar um detector para “espionar” os elétrons, o padrão de interferência sumiu e apareceram apenas duas faixas, como se os elétrons tivessem virado bolinhas de novo! Sugerindo que, sem observação, os elétrons parecem se comportar como ondas, passando pelas duas fendas ao mesmo tempo, e com observação, voltam a se comportar como partículas e passam apenas por uma das fendas. Isso é um dos maiores mistérios da física quântica e até hoje os cientistas tentam entender completamente como isso acontece.

Esses resultados levam a conclusões e implicações onde, tanto partículas como elétrons, e fótons, podem se comportar como ondas ou partículas dependendo da situação. É o que chamamos de Dualidade Onda-Partícula. A mecânica quântica sugere que a própria medição influencia o estado do sistema, ou seja, o papel da mensuração (observação) é real e a posição das partículas só pode ser descrita em termos de probabilidades até o momento da medição.

O experimento da dupla fenda foi um dos primeiros a desafiar a visão clássica do mundo e abrir caminho para a física quântica moderna. Porém, apesar de propagado aos quatro cantos, não há comprovação científica séria de que a observação humana, força de vontade ou qualquer atitude sensorial, altere o comportamento dessas partículas. A mecânica quântica é uma teoria da física aplicada a partículas subatômicas e não tem relação direta com processos biológicos em escalas macroscópicas. Portanto, não há base científica até o momento para afirmar que a consciência humana ou terapias energéticas possam manipular fenômenos quânticos.

Embora existam relatos de benefícios subjetivos é fundamental não substituir tratamentos médicos convencionais. Jung estabeleceu uma ponte entre psicologia e física com seu amigo o físico Wolfgang Pauli, um dos pioneiros da física quântica. Eles exploraram conceitos filosóficos que conectavam mente e matéria desenvolvendo o conceito de sincronicidade, que descreve eventos “coincidentes” e interligados não por causalidade, mas por significado. Isso ecoa as ideias da física quântica, onde fenômenos aparentemente desconectados (como partículas emaranhadas) mostram uma interdependência misteriosa. Além disso, discutiram o conceito de “Unus Mundus” (mundo único), uma ideia que remonta à alquimia e sugere a existência de uma realidade subjacente unificada que conecta mente e matéria.

A alquimia e a física quântica pertencem a domínios radicalmente diferentes, mas algumas conexões podem ser feitas com base em reflexões filosóficas e simbólicas. As relações metafóricas entre alquimia, física e psicologia moderna são fascinantes e se baseiam principalmente em analogias conceituais e interpretações filosóficas, mais do que em uma conexão científica direta. Esses campos exploram, em diferentes contextos, a transformação, a interconexão e os aspectos simbólicos da realidade.

Se na alquimia, a transformação dos metais é um símbolo da transformação interior, para a psicologia, representa a evolução da psique e na física quântica reflete as transições na escala subatômica. A alquimia vê o universo como um todo interligado, assim como a física quântica propõe a interdependência de partículas e a psicologia jungiana explora a interconexão entre o consciente e o inconsciente. Assim como os alquimistas buscavam a unificação dos elementos na Pedra Filosofal, a física quântica tenta unificar as forças fundamentais do universo por meio da Teoria do Tudo, (ToE, Theory of Everything), que é uma hipótese da física teórica que busca unificar todas as forças fundamentais do universo em um único modelo matemático e conceitual. Ela tentaria explicar todas as interações físicas conhecidas, desde o nível subatômico até a escala cósmica.

Todos esses campos lidam com os mistérios fundamentais do universo e do ser humano, seja a busca pelo significado da vida, a natureza última da matéria ou a jornada psicológica de autoconhecimento. A alquimia segue como um símbolo poderoso, ressignificado por Jung na psicologia e ecoado filosoficamente nas descobertas da física quântica. Esses paralelos destacam como diferentes áreas do conhecimento podem convergir em busca de perguntas e respostas sobre a essência da existência.

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Marco Mammoli, Mestre Conselheiro e membro do conselho do Colégio de Magos e Sacerdotisas.

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A partir de março, o Colégio iniciará novas turmas para os cursos de: Magia, fundamentos e práticas; Alquimia Inicial; Quiromancia; Tarot. As matrículas estão abertas e os interessados podem entrar em contato direto com o Colégio dos Magos e Sacerdotisas através da Bio, Direct e o Whatsapp: 81 997302139.

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