Produtoras rurais de São Sebastião estão caminhando para a autonomia financeira após conseguirem acessar, de forma individual, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA).
Josiane Costa Sobrinho, Maria Aldenice da Silva Araújo, Mariazinha Porto dos Santos, Cleudiane Porto dos Santos, Maria Gorete dos Santos, Madalena Antonio Fonseca, Anarlete de Miranda Gouveia e Maria Vanuza Lemos dos Santos são atendidas pelos extensionistas rurais do escritório local da Emater-DF, que reconheceram nelas a capacidade agrícola para fazer entregas regularmente ao programa.
Esse auxílio vai além do cadastro no PAA, orientação sobre cultivo, os produtos a serem entregues e a qualidade deles. Para além disso, as oito mulheres de São Sebastião foram orientadas a acreditar nelas mesmas, a confiar em sua capacidade de trabalho, na possibilidade de viver da terra e fazer projetos de uma vida melhor.
Josiane, Maria Aldenice, Mariazinha, Cleudiane, Maria Gorete e Maria Vanuza são moradoras do Assentamento 15 de Agosto. Madalena e Anarlete moram no Assentamento Nova Camapuã. Todas elas começaram a trabalhar com entregas no PAA Termo de Adesão, modalidade individual, em setembro, e já estão recebendo valores referentes às primeiras notas emitidas, que totalizarão R$ 12 mil até o final do contrato.
Maria Aldenice é casada e tem cinco filhos, dois dos quais moram sozinhos. Com ajuda do marido, ela cultiva hortaliças e frutíferas, como abacaxi, banana e maracujá, além de abóbora e mandioca. Até entrar no PAA, a família vendia a produção na feira local e para clientes fixos. No entanto, sobrava muita coisa, que acabava se perdendo.
“Foi a minha primeira entrega, fiquei muito feliz. Eu perdia muito produto, agora a gente vende tudinho, e o preço é maravilhoso. Meu projeto é investir esse dinheiro para fazer minha irrigação, que não tenho, e aumentar minha produção”, disse emocionada.
Aos 60 anos, Madalena deu uma guinada na vida familiar ao aceitar o desafio de acessar o PAA. Antes, plantava apenas para consumo familiar, mas, com o apoio e trabalho da Emater-DF, passou a entregar alface, couve, cenoura, brócolis, limão e abacate para o PAA.
“As entregas mudaram muito a minha vida e a da minha família. Ainda não sou aposentada, então esse dinheiro está ajudando a pagar as contas, já que até então só tinha a aposentadoria do meu esposo. Já recebi R$ 1 mil em duas entregas, e agora vou guardar para investir na produção”, contou Madalena.
A extensionista rural do escritório de São Sebastião, Roseli Oliveira, explica que o PAA oferece ao agricultor familiar uma oportunidade de ganho imediato, por isso a Emater-DF trabalha auxiliando no cadastro, habilitação e produção, explicando o funcionamento do programa e emissão da nota fiscal.
“A gente enxerga uma oportunidade de elas viverem da terra que elas acessaram, de poder cuidar da família e da questão alimentar. Sempre falo que é importante que elas cuidem primeiro delas e dos seus; e, com isso, vão crescendo aos poucos e acessando outras políticas. É importante fortalecer o interior delas mesmas e de agarrarem essa oportunidade, que muitas vezes elas não percebem, não entendem como funciona, não acreditam muito. Aí a gente incentiva nesse aspecto”, disse Roseli.
Ainda grávida, Mariazinha foi tocada pelo incentivo de Roseli e decidiu trocar o serviço de diarista pela lida na terra. Não foi fácil vencer o desânimo e a descrença, apesar de ter que deixar os filhos com cuidadoras, pagar transporte e trabalhar duro. No entanto, foi a persistência da extensionista que encheu a produtora de entusiasmo.
Roseli literalmente pegou na enxada e ajudou a produtora a formar os canteiros, plantar, adubar e irrigar. Hoje, a filha caçula, Maísa, tem nove meses, e a produção segue farta: tem cenoura, alface, brócolis, cebolinha, salsa e vagem. No intervalo da amamentação e troca de fraldas, Mariazinha corre até a horta, aduba, irriga e colhe a produção orgânica, que entrega no PAA e coloca na mesa da família.
“Com o incentivo da Emater-DF, decidi que não ia mais trabalhar para os outros, mas ia trabalhar para a família. Hoje ensino para os meus filhos o que aprendi com meus pais agricultores: que a gente pode viver da terra. Meu sonho é ver toda a família trabalhando e cuidando do que é nosso”, declarou Mariazinha.
O escritório local da Emater-DF em São Sebastião se empenha para incluir as mulheres agricultoras no PAA por representar não só a inclusão socioeconômica delas, que gera autonomia, melhora da autoestima e da qualidade de vida familiar, além da segurança alimentar.
“São Sebastião está se consolidando como um polo regional de produção orgânica. Essas mulheres produzem alimentos saudáveis e com uma variedade incrível, e auxiliamos tanto na escolha dos produtos como no plantio. Assim elas entregam e consomem alimentos saudáveis, aumentando a possibilidade de consumo”, finalizou Roseli Oliveira.