A paralisação das escolas municipais de Caxias, na Baixada Fluminense, começou no dia 21, mas o estado precário em que algumas delas estavam funcionando é bem anterior a isso, de acordo com os professores. Segundo um levantamento feito pelo EXTRA, das 177 unidades, 35 têm problemas estruturais.
— A Escola Municipal Dr. Álvaro Alberto é a mais antiga de Caxias e tem quadra esburacada, infiltração nas salas e nenhum cuidador para as quase cem crianças especiais que lá estudam — denuncia a professora Margarete Coelho, de 44 anos, que, junto com outros profissionais, participou de um protesto, ontem, em frente à Secretaria de Educação.
Na E. M. Presidente Costa e Silva, segundo a professora Carla Andrade, de 36, duas salas já foram interditadas:
— Estavam com infiltração e mofo. Outras duas salas foram improvisadas, no pátio e na sala de leitura. E o refeitório tem goteiras.
De acordo com o Sindicato dos Profissionais de Educação de Caxias (Sepe), não foram entregues uniformes nem material às escolas neste ano. Uma professora da Creche e Pré-Escola Municipal Graciesse Luiza Silva Lourenço, que não se identifica com medo de represália, diz que a prefeitura só mandou até agora papel ofício e que ela mesma montou a sala de recursos, para crianças especiais, com brinquedos do próprio filho.
Funcionária da E. M. Joaquim da Silva Peçanha, a professora Rosilana Cabral, de 42 anos, conta:
— Não tem cadeira e mobiliário. Precisamos ficar remanejando os alunos de sala.
Prefeitura: ‘greve é pontual’.
Convocados neste ano, os professores de Informática Educativa também não têm como trabalhar, afirma uma professora sem se identificar:
— Na E.M. Carlos Drummond de Andrade, são três computadores para 30 alunos. A orientação da Secretaria de Educação é passar vídeo durante as aulas.
O Sepe decide a continuidade da greve na quinta. Entre as reivindicações estão entrega de uniforme e material escolar; reforma, ampliação e criação de escolas; 1/3 da carga para atividades de planejamento, aumento real e incorporação do Fundeb; e convocação de professores. Segundo o sindicato, todas as escolas do município aderiram à paralisação. Já a Secretaria de Educação afirma que a ela é pontual e residual, com pouca adesão dos profissionais.
SME: manutenção é feita
A Secretaria municipal de Educação diz que, apesar de ter aberto as negociações e o diálogo com o Sepe Caxias, foi decidido pela categoria, durante uma assembleia do dia 22, o início da greve. A SME informa que a paralisação é pontual, com pouca adesão dos professores, e que vem democraticamente debatendo, ponto a ponto, as questões levantadas pela categoria. O órgão esclarece ainda ainda que as empresas vencedoras da licitação vêm realizando a manutenção das 177 unidades escolares. Todas as demandas apresentadas estão sendo relacionadas e estabelecidas como prioridade, muitas delas já tendo sido atendidas.
Em relação às demais reivindicações da categoria, a SME informa que algumas das pautas já foram atendidas e outras estão em análise e negociação.